sábado, 18 de setembro de 2010

Brasileiros em Nova York

E terminou a Semana de Moda de Nova York, onde estilistas apresentaram suas coleções para o próximo verão do hemisfério norte. Entre eles estão três brasileiros: Alexandre Herchcovitch (que também desenvolve coleção para a Rosa Chá), Carlos Miele e Francisco Costa (da Calvin Klein).


Alexandre Herchcovitch
O Brasil já conhece essa coleção, que também foi desfilada na última São Paulo Fashion Week, lembram? O estilista apresenta peças minimalistas, inspirado pelo expressionismo abstrato, em pintores como Mark Rithko e Barnett Newman."Splashs" de tinta, como em uma tela de pintura, estampam vestidos e batas. A maioria das peças é estruturada e de corte reto. Detalhes de costura em forma geométrica chegam a lembrar os bloquinhos de "Tetris". Nos vestidos, pregas nas costas e mangas trabalhadas com volume. Destaque para as peças de cetim de seda em degradê, muito bonitas! Na cartela de cores: turquesa, vermelho, laranja, verde menta, preto, nude...Muitas e muitas cores! Lindos, o make das modelos, especialmente os tons de batom, e os óculos coloridos.


Carlos Miele
O estilista traz uma coleção com muitos vestidos longos e vestidinhos de seda, tanto justos quanto esvoaçantes, alguns drapeados, outros com transparência, além de zipers aplicados com a função de adornar. As estampas de borboleta aparecem em peso e linhas curvas lembram formas da natureza. Tudo com cara de primavera/verão! Na cartela de cores: branco, amarelo, coral, creme, dourado, azul marinho e preto. As jóias desfiladas na passarela foram desenvolvidas pela designer e socialite Ivanka Trump. O desfile ainda contou com a apresentação da cantora Bebel Gilberto!


Calvin Klein (Francisco Costa)
Pelas mãos de Francisco Costa, a Calvin Klein mais uma vez nos mostra uma coleção minimalista e de formas elegantes, o que já é característico da marca. Cortes retos, simples e looks monocromáticos de cores neutras predominam na coleção. Na cartela de cores, muito branco, off white e preto, assim como creme, vermelho e azul marinho. Francisco Costa está aí para provar que o "menos é mais".


Rosa Chá
A marca brasileira de moda praia, que tem por trás de seu estilo Alexandre Herchcovitch, apresenta a mesma coleção desfilada na São Paulo Fashion Week, mas com algumas pequenas alterações. Na passarela, biquínis com calcinha hot pant, além de vestidinhos justos, alguns com babados e shape anos 80, reforçado pelo colorido de estampas ultra tropicais de plantas e animais. Muitos recortes em biquínis e maiôs, o que destaca ainda mais a habilidade de Herchcovitch com a modelagem. A maioria das estampas tropicais vem em tecido de fundo preto, dando um aspecto mais elegante e sofisticado à coleção. Já as transparências dão um toque de sensualidade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Radical Chique

Hildegard Angel | Pelo blog e pelo Twitter, a colunista social combate a predileção da mídia por Serra e denuncia os preconceitos contra Lula e Dilma

Por Cynara Menezes

Enquanto seu irmão Stuart era preso e morto pela ditadura, em 1971, a jovem Hildegard Angel iniciava trajetória oposta, no colunismo social do jornal O Globo, onde trabalharia, entre idas e vindas, por quase 40 anos. Em 1976, quando a mãe dos dois, a estilista Zuzu, foi assassinada pelo regime em um “acidente” de carro, Hildegard já era uma jornalista conhecida e atriz de TV.

Não deixa de ser interessante que, aos 60 anos, recém-saída do extintoJornal do Brasil (agora só on-line), assuma uma postura de franco-atiradora. Suas armas são um blog e o Twitter. Seus alvos: a mídia e a preferência pelo candidato José Serra, do PSDB. No mês passado, ela declarou voto em Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando.

Na entrevista concedida a Cynara Menezes, da CartaCapital, em sua cobertura de frente para o mar em Copacabana, Hildegard Angel — criadora do termo “emergente” para definir os novos ricos cariocas — diz que Lula sofre preconceito por ser um deles, na política. “Já o Serra é o valoroso self-made-man”, ironiza.

CartaCapital: Por que a senhora decidiu apoiar Dilma Rousseff?
Hildegard Angel: Ela estava sendo tão massacrada que achei ser o momento de me posicionar. Era um bombardeio de e-mails, de sobrenomes coroadíssimos, atacando a Dilma. Começaram denegrindo pelo físico, que ela era feia, horrorosa, megera, medonha. Aí ela ficou bonita e não puderam mais falar.
Então começaram a atacar a parte moral, que ela é assassina, terrorista, ladra. Isso é um reflexo da impunidade. Enquanto não colocarmos nos devidos lugares os que foram responsáveis pelas atrocidades da ditadura, eles vão se sentir no direito de forjar uma realidade inexistente, de denegrir nossos mártires, nossos heróis.

CartaCapital: Antes desta eleição, a senhora já tinha se posicionado politicamente?
Hildegard Angel
: Não. Em nível nacional é a primeira vez. E acho que meu depoimento e o almoço que a Lily Marinho (viúva de Roberto Marinho)promoveu romperam o círculo “demonizante” erguido em torno da Dilma. Ali se fez uma fissura. A classe alta pensante e os ricos mais liberais se permitiram uma abertura.

CartaCapital: Lily Marinho apoia Dilma?
Hildegard Angel: A Lily passou a apoiar Dilma depois que a conheceu. Quando ela fez o almoço pra Dilma, estava agindo como a mulher do Roberto Marinho, que está acima do bem e do mal e que pode se dar ao luxo de receber quem bem entende. Mas a Dilma conquistou a Lily. Antes do almoço, podia até haver a ideia de receber também os outros candidatos. Depois, não havia mais.

CartaCapital: Houve reação dos filhos de Roberto Marinho pela madrasta ter recebido a candidata do PT?
Hildegard Angel: A Lily tem uma relação tão harmoniosa, tão respeitosa com eles, que acho que jamais teriam qualquer tipo de reação. O jornal e toda a organização têm sido muito duros com a Dilma. A única matéria positiva sobre ela, até hoje em O Globo, da primeira até a última palavra, foi a do almoço com a Lily.

CartaCapital: Há quatro anos o ex-governador de São Paulo Claudio Lembo criticou a “elite branca”. A senhora acha que ele falava só da paulistana ou da carioca também?
Hildegard Angel: Da elite brasileira como um todo. É uma elite preconceituosa, que tem seus valores, seus princípios, e acha muito difícil abrir mão de suas convicções.

CartaCapital: Que tipo de rico tem preconceito com o Lula?
Hildegard Angel: O rico do passado, da herança, do aluguel, muito apegado a tradições, a sobrenome. É, na maioria, uma elite não produtiva. Porque a elite produtiva, o homem que emprega, que gera progresso, desenvolvimento, não deixa de aplaudir o Lula. Mas, às vezes, a mulher deste homem não aplaude…
Diplomatas aposentados também têm preconceito com Lula. O Itamaraty sempre foi o filé mignon do serviço público brasileiro, pela cultura, pela erudição, pelo savoir faire. E a política externa atual vai na contramão disso tudo. Esse é um segmento social que rejeita o Lula, o dos punhos de renda.

CartaCapital: Nos círculos que frequenta, ainda há gente que faz piada com a origem humilde de Lula?
Hildegard Angel: O vaivém dos e-mails de gente da classe A contra o Lula é de uma variedade enorme… Por exemplo, as festas caipiras do Lula incomodaram muito. Já a Zuzu Angel sempre viu uma beleza extraordinária na caipirice, tanto que foi a primeira a usar as rendas do Norte, a misturar com organza, a usar as chitas, hoje tão na moda. Minha mãe tinha uma frase: a moda brasileira só será internacional se for legítima. Por isso foi a primeira a ter penetração no exterior. De certa forma, o Lula, com as festas caipiras dele, fez o que a Zuzu fez em 1960 com a moda caipira dela.

CartaCapital: Serra também tem origem humilde. Por que não existe esse preconceito contra ele?
Hildegard Angel: Porque o perfil do Lula se encaixa mais no do emergente. O do Serra é o do valoroso self-made man… O Serra, para ser o homem que é, teve de dominar os códigos da elite, pelo estudo, pela convivência com pessoas intelectualmente superiores. Já o Lula foi abrindo caminho na base da cotovelada. E, de certa maneira, se manteve fiel à sua raça. Não se transformou com a ascensão, não se desligou, guardou seu ranço de pobreza, a memória do sofrimento. Isso o tornou mais sensível.

CartaCapital: E por outro lado o faz ser malvisto?
Hildegard Angel: Sim, porque nunca será um igual, nem faz questão. A dona Marisa Letícia nunca abriu seus salões. Durante o governo FHC, fui inúmeras vezes convidada para recepções no Itamaraty e, em governos anteriores, até no Palácio da Alvorada. No governo Lula, só fui convidada uma vez, para o Itamaraty. Black-tie nunca existiu. Isso cria uma limitação de trânsito social. Não há uma interação para esta sociedade se inserir dentro de uma linguagem que não seja de gabinete junto à família Lula.

CartaCapital: Ainda tem muito preconceito de classe no Brasil?
Hildegard Angel: Cada vez menos, mas tem. O que Lula sofre é preconceito de classe, mas está sendo superado por ele mesmo. Essa possível vitória da Dilma mostra que não é só o povão, não só aqueles que melhoraram de situação. Tem muito rico pensando diferente, saindo do casulo, desse gueto de pensamento.

CartaCapital: O interessante é que o dinheiro também tem de ser bem-nascido. De padaria, de marmita, não é dinheiro “bom”?
Hildegard Angel: O dinheiro do comércio sempre foi visto no Brasil como um dinheiro sem base cultural, de origem ruim. Já o dinheiro da indústria, da área financeira, era “digno”. Agora, com a falta generalizada de dinheiro no meio dos que eram muito ricos, estas pessoas com dinheiro de origem menos nobre conseguiram uma posição de respeitabilidade no ambiente social.

CartaCapital: Os emergentes são mais respeitados?
Hildegard Angel: São mais aceitos, embora o verdadeiro emergente não esteja mais preocupado com isso. O verdadeiro emergente não tem aquelas veleidades do nouveau riche de antigamente. O nouveau riche de ontem queria entrar para o soçaite, queria que seus filhos estudassem com os filhos do soçaite, tinham aquela visão encantada de alta sociedade.
O emergente de hoje tem mais noção do seu poder, não é tão submisso. Com o empobrecimento do rico tradicional, o rico do dinheiro novo se achou numa posição de não precisar fazer tanto a corte a essas pessoas.

CartaCapital: O dinheiro de Eike Batista, por exemplo, é “nobre”?
Hildegard Angel: Culturalmente falando, sim. Ele é filho de Eliezer Batista, que tinha grande status no País há muitas décadas. O que acontece é que o Eike sabe muito bem o que quer. Gosta de esporte, de mulher bonita, dos filhos e do trabalho dele. Sua vida é um retrato disso. Tem um carro espetacular de corrida na sala, tem casa decorada com troféus das suas lanchas. Ele poderia ter um Picasso, mas não é aquele rico tradicional.
Nós temos no país essa classe da riqueza envergonhada, que não tem muito como explicar o seu dinheiro, da riqueza escondida, que não pode ser fotografada… E o Eike, como tudo dele, acredito, seja declarado lá no imposto, pode expor seu dinheiro. Ele é o rico da riqueza assumida.

CartaCapital: O jornalista Mauricio Stycer estudou a coluna de Cesar Giobbi no Estadão em 2002, quando Lula se candidatou pela primeira vez, e concluiu que o colunista fez campanha disfarçada para Serra. Isso é comum?
Hildegard Angel: Ah, a Miriam Leitão também faz… É comum o colunista ter afinidade com o veículo e ter uma linha de raciocínio que vai ao encontro da dele e ao meio em que convive. O Giobbi é uma pessoa estimadíssima na alta sociedade paulistana, não é visto nem como jornalista, é visto como “da turma”. A Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo) não é vista como uma “da turma”. O Giobbi é um do time, então raciocina de acordo com seu time.

CartaCapital: Dos colunistas sociais clássicos, como Ibrahim Sued, tinha algum que era mais de esquerda?
Hildegard Angel: O Zózimo (Barroso do Amaral) era visto à esquerda, mas era muito discreto — eu nunca o vi se posicionar ostensivamente na contramão do seu grupo social. Isso não existe. Havia na época uma coisa charmosa, atraente, um esquerdismo light, fazia parte do put together da elegância.

CartaCapital: Manifestar-se politicamente agora a recoloca mais no caminho do Stuart e da Zuzu?
Hildegard Angel: Sinto-me um pouco refém da coragem da minha família, é como se tivesse retomado meu curso. Como se cumprisse uma trajetória que estava ali me esperando, neste momento que as pessoas se acomodaram, que estão submetidas a seus empregos, todas colocadas na grande imprensa, com uma posição monocórdia, um pensamento único.

CartaCapital: Pretende se tornar uma guerrilheira on-line?
Hildegard Angel: Eu seria muito pretensiosa e desrespeitosa se de alguma maneira usasse essa qualificação de guerrilheira. Guerrilheiro foi meu irmão. Eu não fui. Estou tirando o atraso, só isso.


Fonte: Revista Carta Capital

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pelas ruas de Paris...

A cada semestre, ao término do curso de graduação em moda, o IZA/Estácio concede ao melhor aluno(a) uma bolsa de estudos na ESMOD Paris, uma das melhores escolas de moda do mundo!
Nossa aluna Thais foi uma das merecedoras e essa semana ela nos mandou essas fotos que o blog de street style Easy Fashion tirou dela logo em seu terceiro dia na cidade. Olha que gracinha! :)





Nova CEDAE e ONG Rio Solidário prestam homenagem a Zuzu Angel

Veja fotos da Oficina de Treinamento de Costura Zuzu Angel para Detentas do Regime Aberto e Semiaberto inaugurada na Estação de Tratamento de Água do Guandu. A oficina de costura é uma ótima maneira de reintegrar as detentas na sociedade, ensinando-lhes um ofício e dando-lhes a oportunidade de mudar de vida. Para saber um pouco mais sobre essa iniciativa, leia o post anterior.

Detentas do regime semiaberto e aberto produzem as peças, grande parte para funcionários da Nova CEDAE.



Muitas das peças produzidas são reaproveitadas de outras peças. Por exemplo: a bolsa carteiro abaixo foi feita a partir de uma calça.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Oficina de Treinamento de Costura Zuzu Angel para Detentas

Nesta sexta, dia 10 de setembro, às 10:00h, ocorrerá a cerimônia de abertura da "Oficina de Treinamento de Costura Zuzu Angel para Detentas do Regime Aberto e Semiaberto" na Estação de Tratamento de Água do Guandu.

A "Oficina de Treinamento de Costura Zuzu Angel para Detentas...", iniciativa da ONG Rio Solidário em parceria com a Nova CEDAE, será para treinamento de apenadas do sistema prisional do Rio de Janeiro e terá a capacidade de produzir 60 mil peças por ano, prioritariamente uniformes dos funcionários da CEDAE.

Junto à Oficina de Costura, também serão inaugurados no mesmo dia o "Viveiro de Produção de Mudas para Reflorestamento" e o "Centro de Ressocialização Chagas Freitas". O primeiro tem como objetivo produzir cerca de 100 mil mudas por ano, com capacidade de reflorestar anualmente uma área de aproximadamente 400 mil metros quadrados. Todas a mudas produzidas são de espécies nativas da Mata Atlântica e o plantio destas será realizado por detentos do sistema prisional do Rio de Janeiro, que estão sendo capacitados como "Agentes do Reflorestamento" pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Já o "Centro de Ressocialização Chagas Freitas" abrigará a área da CEDAE responsável pela gestão de programas socioambientais desenvolvidos junto aos detentos.

A Estação de Tratamentos de Água do Guandu fica na antiga Estrada Rio - São Paulo, km 19,5 - Bairro Prados Verdes - Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

I Fórum de Moda e Cultura na Cidade do Rio de Janeiro

No I Fórum de Moda e Cultura na Cidade do Rio de Janeiro, que ocorreu na última sexta-feira, dia 3 de setembro, na Câmara Municipal do Rio, discutiu-se o valor da moda para a cultura e a indústria, visando com que o setor, um dos que mais emprega no Brasil e gera o quarto maior PIB do país, no futuro possa ser definitivamente reconhecido e valorizado, recebendo incentivos do governo para seu crescimento e aperfeiçoamento tecnológico e profissionalizante.

Na primeira mesa do fórum, onde foi discutida a Identidade Cultural e a Moda na Atualidade, estavam presentes Celina de Farias, vice-presidente do Instituto Zuzu Angel e coordenadora do curso de Design de Moda IZA/Estácio; Lucia Rebello, professora do curso de Design de Moda IZA/Estácio e membro do conselho do IZA, representando Hildegard Angel, que infelizmente não pôde comparecer, por motivos pessoais; Fátima Negrann, realizadora do evento; Gabriela Leite, coordenadora da Daspu; e Paulo Messina, vereador que presidiu a mesa.

Dentro do tema Identidade Cultural e a Moda na Atualidade foram discutidos o Selo de Qualidade da Moda Brasileira, o Fundo da Moda e as Instituições de Ensino.


Celina de Farias e Lucia Rebello

Nossa vice-presidente, Celina de Farias, ressaltou que eventos como esse provam para a sociedade a importância da moda. Em seu discurso, Celina apoiou a existência de um produto nacional que tenha um selo de qualidade. Isto é, com a globalização e consequente massificação de tendências, o consumidor tem diversas opções de escolha na hora da compra e obviamente ele irá escolher aquilo que atenda às suas necessidades, sejam relacionadas a valores financeiros, sejam relacionadas a questões de gosto, design e qualidade. Mas com o tempo, o consumidor tem se tornado cada vez mais consciente e exigente, comprometido com o mundo em que vive. Devido a isso, surge a necessidade de um selo de qualidade da moda nacional.

“O selo de qualidade é a forma dada, sobre representação gráfica da certificação conferida, àqueles que inscreverem os seus projetos a avaliação de qualidade a ser conferida por especialistas no campo especifico ao qual se destina – no caso, ao produto de moda”

No entanto, o Brasil ainda está distante de um selo de qualidade que tenha uma identidade própria, nacional, com foco em moda. E para alcançarmos esse objetivo, é necessário capacitar nossos profissionais, ressaltando que nesta formação haja o comprometimento com a qualidade e a valorização da cultura brasileira. Além de capacitar profissionais na área, deve-se investir em tecnologia no setor. A tradição também deve unir-se à tecnologia para que possam crescer juntas. Mas este crescimento deve estar aliado à sustentabilidade e ao consumo consciente.

Gabriela Leite, da Daspu, ressaltou que na cidade do Rio de Janeiro quase não existem instituições que apóiem cooperativas de moda. A coordenadora da Daspu disse que penou muito para encontrar apoio para sua cooperativa e é a favor de que haja mais parcerias com universidades para que estas dêem apoio técnico e de ensino a artesãos e costureiros, assim como o Instituto Zuzu Angel o fez.

Lucia Rebello, professora do curso de Design de Moda do Instituto Zuzu Angel/Estácio, disse que só quando conseguirmos unir a diversidade da moda brasileira, sem preconceitos, é que chegaremos a algum lugar. Ressaltou que o campo de ensino e pesquisa no Rio de Janeiro não dispõe de verbas o suficiente, pois o ensino de moda é algo muito recente. É necessário que haja apoio para que cursos e faculdades possam crescer e evoluir.

Lucia ainda leu o texto que Hildegard Angel, presidente do Instituto Zuzu Angel, escreveu para o evento. O texto lembra que a identidade da moda brasileira já estava presente desde a década de 70 nas criações de sua mãe, Zuzu Angel. Hildegard disse que deve haver investimentos em novos talentos da moda nacional e que é a favor da existência de um fundo nacional da moda que possa subsidiar as necessidades desta. A moda brasileira e a moda carioca devem ser apoiadas, valorizando todo o hibridismo cultural que as compõe. Deve haver uma continua busca pela identidade da moda brasileira, por sua profissionalização e crescimento.

Fátima Negrann, organizadora do Fórum, disse que este evento é a grande oportunidade de dar um salto na indústria da moda e no seu fortalecimento como setor cultural.

Afonso Luz, representante do Ministério da Cultura, fez um discurso magnífico onde ressaltou que o Artesanato, a Moda, o Design, a Arquitetura e a Cultura Digital devem ser reconhecidos como setores importantes, estando presentes em uma agenda cultural prioritária para o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro. Citou que o Ministério da Cultura lançou uma nova versão do Fundo Nacional da Moda que está para ser aprovada junto com a reforma da Lei Rouanet . Afonso disse ainda que as classes c e d estão emergindo e consequentemente podem consumir mais, portanto é necessário repensar a democratização da moda. Citou a marca Havaianas como um bom exemplo dessa democratização: “Design brasileiro e simples que conquistou o mundo todo”. O secretário do MINC disse que daqui há 20 anos, por conta dos altos índices de densidade demográfica, a população jovem brasileira estará em plena atividade, consumindo e criando. Por isso, deve haver investimentos na área da moda desde já. É preciso reinventar as instituições de moda e profissionalizar o setor. O Brasil é que deverá exportar talentos e não precisar comprar talentos de fora. Mas para isso é necessário capacitar e investir em nossos talentos. A Copa do Mundo e as Olimpiadas que ocorrerão aqui são uma ótima oportunidade para “linkar” a Moda e a Cultura brasileira, mostrá-las para o mundo.

Afonso Luz

O vereador Paulo Messina ressaltou que o Rio de Janeiro não é uma cidade industrial, como muitos vem tentando transformá-la de tempos para cá. O Rio de Janeiro é uma cidade CULTURAL. E nada melhor do que investir na cultura e transformar nossa cidade por meio dela.

Luíz Fortunato, dono da marca Maison Fortunato e organizador do evento, disse: “Assim como a cultura está na moda. Chegou a hora da moda ser reconhecida como cultura.”

Nós, do Instituto Zuzu Angel fazemos destas as nossas palavras e esperamos que eventos como esse possam contribuir a longo prazo para o crescimento do setor de moda e o reconhecimento deste na socieda brasileira.