quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O “couro” do futuro é feito a partir de chá fermentado

A Iowa State University, com o apoio da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, em parceria com a professora Young-A Lee e seu time de pesquisadores estão cultivando uma espécie de película composta de fibras de celulose à base de chá verde, algo parecido com aquelas colônias simbióticas de bactérias e leveduras encontradas em alguns alimentos e bebidas da "cultura viva", como o kombucha, que, aliás, é uma delícia!


Quando colhido e seco, o material resultante se parece muito com o couro, podendo ser utilizado em roupas, bolsas e sapatos. Esta pode ser uma boa alternativa ao uso do couro, uma vez que não utiliza matéria animal em sua produção. Uma alternativa não só para veganos, mas para todos nós. Se por princípios você já não consome couro de origem animal e prefere o couro sintético, você pode não estar sendo totalmente sustentável, pois, muitas vezes, o couro sintético pode ser poluente, dependendo da maneira como é fabricado. Já o falso “couro” de chá fermentado possui a sua origem na celulose e é 100% biodegradável.



É claro que até entrar em circulação, muitos testes e melhorias ainda precisam ser realizados. De acordo com a professora Lee, um dos maiores problemas do falso “couro” é em relação à umidade do ar e à pele da pessoa que o veste, pois estes fatores o tornam meno estável, assim como baixas temperaturas. Lee também diz que o material leva muito tempo pra crescer: cerca de 3 a 4 semanas em condições controladas, dentro do laboratório.

"Não leva tanto tempo para fabricar certos materiais sintéticos, mas para este novo material que estamos propondo, é necessário um certo tempo para crescê-lo, seca-lo e trata-lo em condições específicas", disse Lee. "Se o esforço experimental desse projeto for bem-sucedido, este tecido biodegradável à base de celulose pode ser uma futura alternativa, em vez de se confiar em materiais derivados de fontes insustentáveis".


Mas para a pesquisadora, tudo isso só será viável se houver uma mudança de pensamento da própria Indústria da Moda. Para Lee, quem trabalha na indústria precisa ser totalmente educado sobre este movimento.

"As empresas de Moda continuam produzindo novos materiais e roupas, de estação em estação, ano a ano, para satisfazer o desejo e a necessidade dos consumidores. Pense onde esses itens eventualmente irão. Vão parar em aterros sanitários junto com todos outros lixos." - disse.

domingo, 25 de dezembro de 2016

O paraíso dos tecidos africanos

Foto: Instituto Zuzu Angel

Paris, sem dúvidas, é uma cidade cosmopolita. Africanos, árabes, indianos, chineses, latinos... A gente vê um pouquinho de cada canto do mundo ao caminhar pelas ruas da cidade. Em termos de culinária, tem espaço pra todos os sabores. Em termos de Moda, é possível, também, encontrar roupas típicas de alguns países que possuem comunidades significativas de imigrantes. É o caso dos nossos irmãos do continente africano, que já estão na França há várias gerações.

É louco por Moda e quer muito ir a Paris? A gente tem uma dica, ou melhor, uma joia pra sua próxima viagem! Anota aí: no 18° arrondissement, na região das ruas Rue Doudeauville e Rue des Poissonniers, tem a "little África" dos tecidos. São várias lojinhas africanas espalhadas, com uma profusão de tecidos africanos estampados em cores lindas de viver! Curiosamente, muitos deles são fabricados na Holanda, desde o século XIX, com a técnica de Ankara, influenciada pela técnica do Batik javanês (da ilha de Java, na Indonésia). No Batik, o tecido recebe desenhos feitos com cera derretida e, depois, é mergulhado em tinta. No final, a parte que recebeu a camada de cera acaba não sendo penetrada pela tinta e os desenhos se sobressaem no tecido. A técnica de Ankara foi criada pelos holandeses durante a colonização da Indonésia nos anos 1800, com máquinas que faziam uma imitação mais barata do Batik. Pra infelicidade dos holandeses, as imitações não fizeram sucesso entre os indonésios, mas, curiosamente, foram muito bem recebidas no oeste do continente africano, quando os holandeses passaram a introduzi-las nos portos locais, em sua embarcações comerciais. Logo, os tecidos foram incorporados ao guarda-roupa dos africanos e, ao longo dos anos, ganharam cada vez mais identidade local, com desenhos tipicamente africanos. Hoje, é quase impossível olhar pra esses tecidos e não associá-los ao povo africano.

Em Paris, os preços variam muito, mas é possível conseguir, por exemplo, 6 metros de tecido a cerca de 15 Euro. Esqueça comprar 1 metro apenas. Algumas lojas costumam vender, no mínimo, 6 metros, pois os africanos gostam de fazer o look completo do mesmo tecido: chapéu, túnica e calça. Se achar que a quantidade é muita, a dica é dividir com um amigo. Todo mundo sai feliz. ❤





Fotos: Instituto Zuzu Angel

sábado, 24 de dezembro de 2016

Ao mestre com carinho

Nesta véspera de Natal, o nosso grande amigo Guilherme Guimarães, membro da Academia Brasileira da Moda e maior ícone ainda vivo da alta costura brasileira, nos deixou. Gui Gui sempre esteve ao lado do Instituto Zuzu Angel desde o início de sua criação. Na foto, as vestes de Nossa Senhora do Outeiro da Glória, a qual Guilherme vestiu lindamente com renda francesa rebordada com plumes d’autruche e strass. Ele, agora, está ao lado dela, iluminando a nossa noite de Natal. Viva Gui Gui!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Palhas sem fim!

As palhas reapareceram com tudo nessa última temporada Spring/Summer 17 do hemisfério norte, tanto nas passarelas quanto no street style, e prometem ser febre por aqui também, ainda neste verão!

A bolsa de palha é a estrela, principalmente, em versões mini, tipo cestinha e baldinho (pense em Jane Birkin nos anos 60!).

A palha é um acessório perfeito pro clima brasileiro, ainda mais quando possui design único e contemporâneo, fora do comum, como é o caso da marca-sensação, no radar das meninas mais descoladas do jetset, a carioca WaiWai, com suas versões em shape redondinho, algumas delas misturando acrílico. Outras bolsas graciosas, são as da Nannacay, em versões multicoloridas e com pompons. Tem, também, espaço pras viseiras e chapéus chics da neomarca Palea e Brasilis.

Confira e se inspire! ;)

Jane Birkin

WaiWai

Nannacay

Palea e Brasilis











segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

As 6 profissões do futuro da Moda

Quando se fala em carreira de Moda, algumas delas estão no topo da lista: estilista, stylist, editor, comprador e fotógrafo costumam ser as mais citadas, não é mesmo? Mas quem trabalha na área, sabe que há um leque enorme de opções pra se especializar.

A indústria da Moda está em constante evolução. Especialmente, nos últimos 10 anos, ela vem cada vez mais repensando sua maneira de produzir, revendo processos e plasmando um futuro mais transparente e com propósito. Quem não se adaptar aos novos tempos, ficará pra trás.

Vislumbrando o amanhã, o site referência The Business of Fashion listou, recentemente, as 6 profissões do futuro da Moda. A gente conta aqui e agora pra você!


1- Engenheiro de Impressão 3D: a impressora 3D surge como uma opção interessante e inovadora no que diz respeito à manufatura, especialmente no mundo dos acessórios (no têxtil, ela ainda precisa evoluir bastante, tornando o aspecto das peças de roupa mais natural e com toque maleável). No caso dos acessórios, o uso da impressora 3D, muito em breve, tornará o processo de produção mais veloz e barato, facilitando a ascensão de novos designers. Já pensou quando você puder ter uma impressora 3D na sua casa, podendo imprimir suas próprias peças? E por trás de toda tecnologia, é necessário algum especialista que estudou, desenvolveu e aperfeiçoou o equipamento, enfim, alguém que entenda tudo sobre o assunto. Essa pessoa seria o engenheiro de impressão 3D.



2. Psicólogo do consumidor: a roupa diz muito da nossa personalidade, não é mesmo? Através dela, nos mostramos para o mundo, revelando o que somos e o que sentimos. O psicólogo da moda aplica teorias da psicologia ao que vestimos, entendendo que as nossas escolhas exercem influencia não só nas nossas emoções, mas, também, na maneira como interagimos com o outro.

3. Cientista de dados: atualmente, muitas marcas estão migrando das análises convencionais de estatística para o que chamamos de “inteligência artificial”, para entender o comportamento dos consumidores e antecipar tendências de uma maneira mais inteligente e agrupada. Por exemplo, quando um consumidor busca por “Red Valentino dress”, será que ele deseja um vestido vermelho da Valentino ou um vestido da marca “Red Valentino”? O cientista de dados consegue responder esse tipo de questão. Quem está interessado em seguir por essa área, precisa entender, sobretudo, de ciência da computação e física.

4. Pesquisador e desenvolvedor têxtil: a evolução da moda se dará, principalmente, através dos tecidos. Cada vez mais, as marcas buscam novas tecnologias têxteis para atender às necessidades cotidianas de seus consumidores. Não basta ser só uma roupa bonitinha...Se tiver funcionalidade, ela será ainda melhor! Tecnologias que impactem na performance, que tragam benefícios estéticos e que sejam sustentáveis são a chave pro futuro. Muitas delas, inclusive, já são uma realidade. Por exemplo, um tecido 100% biodegradável que se decomponha em aterros sanitários, um tecido que possa agir na microcirculação e ajude a combater as celulites, ou, ainda, que não fique com mal odor ao entrar em contato com o suor. Já tem até tecido com repelente! Tudo isso, só é possível graças aos pesquisadores e desenvolvedores têxteis.



5. Especialista em sustentabilidade: muitas marcas de moda, inclusive, as grandes do varejo, estão colocando o assunto em pauta, priorizando ações sustentáveis, ainda que pequenas. Desperdício e poluição não estão com nada, são modelos ultrapassados. Muitos consumidores têm se tornado mais conscientes em suas decisões de compra, exigindo das marcas transparência. Quem não se adequar aos novos tempos, vai ficar pra trás.

6. Personal Stylist: o personal stylist já é bastante conhecido na Indústria. Em um passado não muito distante, ele era um privilégio apenas de estrelas e milionários, mas com o advento e a popularização dos e-commerce, muitas marcas vem tentando oferecer o serviço de styling como um diferencial, pra que a experiência de compra se torne mais atrativa e menos impessoal. Com a ajuda de engenheiros e cientistas de dados, o stylist poderá ajudar cada vez mais pessoas através da combinação poderosa entre comunicação e algoritmos que irão trabalhar em grande escala.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Cinco acervos de Moda pra você fuçar online

Já pensou viajar o mundosem sair de casa e ainda aprender sobre História da Moda e da Indumentária? Com o avanço da tecnologia, isso já é uma realidade. Selecionamos cinco acervos online de Moda pra você se acabar! Enquanto o nosso Museu da Casa Zuzu Angel não fica pronto, você pode se deliciar com peças pertencentes aos principais museus do mundo, em alta definição, suas histórias e curiosidades. Dá só uma olhada:

O Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, de Nova York, possui um acervo GIGANTE, com mais de 33.000 peças, todas muito bem catalogadas. Uma maravilha. E o museu ainda conta com uma biblioteca online, com diversos livros e catálogos pra baixar no computador e celular, tudo de graça!
Sapatos de couro com bordados da era Stuart, datam de 1690/1710 aproximadamente.
Corset de seda da Maison Léoty, de 1891.
Terninho Chanel, de 1938, doado por Diana Vreeland ao Museu, em 1954. A própria Diana, anos depois, se tornou consultora especial do Costume Institute, promovendo exposições memoráveis.
Vestido de Gianni Versace, inspirado em Andy Warhol, primavera de 1991.


O Victoria and Albert, de Londres, é outro que não fica pra trás no quesito acervos de Moda extraordinários. Neste link, você pode mergulhar fundo em peças das mais diversas épocas. Referências é o que não faltam!

Vestido criado por Madame Vignon, em 1869/1870.

Botinhas de algodão revestidas de plástico, assinadas por Mary Quant, 1967. Mais 60's do que isso, impossível! Na sola do salto é possível notar o shape da icônica flor de Mary Quant. Imagina que luxo poder carimbar as florzinhas de Quant, deixando um rastro na areia, na neve, na lama.

Vestido de noite Jean Patou, da década de 1930.


Outro museu com um acervo bem bacana online é do Fashion Institute of Technology, de Nova York. Do século XVIII aos dias de hoje.Vem ver!
O famoso vestido Delphos, de Mariano Fortuny, de 1925, inspirado na Grécia Antiga. Lindo demais!

Um tubinho de lã de Courrèges, 1968.

 E essa bolsinha de plástico trançado, imitando palha, da Marcus Brothers? É de 1955! Uma graça!


Quando se fala em Moda, impossível não pensar na França. Aqui, você acompanha parte do acervo riquíssimo do Palais Galliera, o Museu da Moda de Paris:
Colete masculino do ano de 1750.

Capa de crepe de seda rosé, com passamanaria de ouro, de Elsa Schiaparelli, inverno de 1939.

Vestido plissado icônico de Issey Miyake, 1986.

Jaqueta de veludo de seda, de Thierry Mugler, inverno de 1985.


Os japoneses não deixam nada a desejar. Se são capazes de exportar criadores de Moda brilhantes, imagine só como deve ser o acervo do Kyoto Costume Institute! O site apresenta uma linha do tempo em ordem cronológica. Vale a pena conferir.

Crinolina da segunda metade dos anos 1860.

Peças do inesquecível baile das "Mil e uma noites", de Paul Poiret, de 1914. A influência árabe é bem nítida.

Vestido de cetim, de Yohji Yamamoto, coleção verão 1998.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

70 anos de maison Dior em 2017

Christian Dior

Em 2017, a maison Dior completa 70 anos e as comemorações para o seu aniversário já começaram. A marca, em parceria com a editora Assouline, lança no dia nove "Christian Dior: 1947-1957", o primeiro volume de uma série dedicada aos sete nomes que estiveram à frente da maison nos 70 anos de sua história.

Do New Look da primavera de 1947 à linha Fuseau, do outono de 1957, sua última coleção em vida, o livro, que custa em torno de 195 Dólares, possui 504 páginas dedicadas ao fundador da maison, com 345 fotografias de Laziz Hamani e texto de Olivier Saillard, diretor do Palais Galliera, o museu da Moda de Paris. Muitas das peças fotografadas para o livro fazem parte do acervo do Christian Dior Museum, de Granville, na França, coleções privadas e outros museus ao redor do mundo.


Na sequência, ao longo do próximo ano, até 2018, serão publicados os demais volumes dedicados aos outros diretores criativos que sucederam Christian Dior. São eles: Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, John Galliano, Raf Simons e, mais recentemente, Maria Grazia Chiuri, ex-Valentino e a primeira mulher a comandar a marca após sete décadas!

Dá só uma olhada na preciosidade:

O New Look, lançado na primavera de 1947, revolucionou a Moda
Vestido de festa do inverno de 1949, um luxo!
Vestido clássico do verão de 1950
Tomara-que-caia do verão de 1954
Detalhes de um vestido da coleção do inverno de 1955
Do verão de 1956