quinta-feira, 25 de abril de 2013

II Edição do Prêmio Zuzu Angel

É com imenso prazer que a Secretaria Estadual de Mulheres do Partido Socialista Brasileiro (PSB - Rio de Janeiro) e o Instituto Zuzu Angel de Moda convidam a todas e todos para a II Edição do Prêmio Zuzu Angel que se realizará no dia 27 de maio de 2013, às 18:00h.O tema será "Direitos Humanos ontem, hoje e sempre".

Na ocasião, serão homenageadas com o Prêmio Zuzu Angel, as mulheres do Grupo Tortura Nunca Mais (Flora Abreu Henrique da Costa, Yeda Botelho Salles - in memoriam, Cecilia Maria Bouças Coimbra, Maria Dolores Perez Gonzáles - in memoriam, Cléa Lopes de Moraes, Lilia Ferreira Lobo, Maria Alice de Lima Braz - in memoriam, Elza Joana dos Santos - in memoriam, Lúcia Vieira Caldas, Célia Frazão Soares Linhares, Zilda Xavier Pereira, Victória Lavínia Grabois, Elizabeth Silveira e Silva, Carmen Lucia Lapoente Silveira, Jane Quintanilha Nobre de Mello, Luíza Ribeiro Martins, Ivanilda da Silva Veloso, Tânia Marins, Cirene Moroni Barroso - in memoriam, Abigail Paranhos - in memoriam, Alzira Grabois - in memoriam, Joana D' Arc Fernandes Ferraz) e com a Medalha Violeta Arraes de Direitos Humanos, a Deputada Federal Luiza Erundina (PSB - SP)

Haverá, ainda, uma homenagem especial a Hildegard Angel e ao Instituto Zuzu Angel pelos 20 anos de sua fundação e pelo trabalho de preservação do acervo e da memória de Zuzu Angel.

Contamos com a presença de todos!

Quando: 27 de maio de 2013, às 18:00h
Onde: UERJ, Teatro Odylo Costa Filho - Av. Pres. Castelo Branco, Maracanã - Maracanã (Rio de Janeiro - RJ)


Dois taurinos fashion: o Enfant Terrible Gaultier e a Gata em Teto de Zinco Quente Carmen Mayrink Veiga!

Via Blog da Hilde Angel

Por um problema tecnológico, estive ontem, dia 24 de abril, fora do ar ao fim da tarde e este post não pôde ser veiculado na data. Perdão!

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Neste 24 de abril, dois ícones da moda sopram velinhas! Um cria para vestir. O outro, quando veste, recria. São eles: o francês Jean Paul Gaultier e a paulista de Pirajuí, Carmen Mayrink Veiga...

Carmen, além de linda, sempre teve gosto pela Moda. Sua primeira foto, pe-que-ni-ni-nha, já foi com um laçarote nos cabelos maior do que a própria cabeça. E uma laço lindo, esparramado, de dar inveja a qualquer couturier da época. Dona de um estilo inconfundível, chic e extravagante, tornou-se referência para milhares de mulheres, no Brasil e por onde ela tenha pisado por esse mundo afora. Ela é uma referência.

Ao longo da vida, Carmen vestiu os mais famosos da haute couture, nomes como Hubert de Givenchy, Yves Saint Laurent, Valentino e Pierre Cardin, e todos eles tornaram-se seus grandes amigos. Um luxo para pouquíssimas!

A grande dama da sociedade brasileira, além da moda, tem outra paixão: os gatos. É fascinada por felinos e, como não podia deixar de ser, pela estampa de leopardo! Em seu apartamento do Morro da Viúva, tem um banheiro com as paredes imprimées de oncinha e, sobre elas, quadros de gatos. E isso não é de hoje, já lá se vão bem uns 40 anos. Pioneirismo decorativo que apenas na última década passou a ser moda.

Por tudo isso, prestamos aqui uma homenagem à aniversariante do dia com um editorial guiado por esta estampa clássica e atemporal, que faz, desde sempre, a cabeça da mulherada mais ousada e extravagante. Desde Carmen Miranda, Marlene Dietrich e outras mulheres de forte personalidade, desbravadoras desta voga das "onças", hoje democratizada e querida por todas, até as conservadoras.

Pois saibam que houve uma época em que a estampa de oncinha evocava pura ousadia, pois não ficava bem para uma "mulher de família" usar esse tipo de padronagem. Dava até desquite!...

carmen

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Já o estilista Jean Paul Gaultier, conhecido como o enfant terrible da moda francesa, tem paixão pelas listras de marinheiro, as famosas listras navy. Quando pensamos em Gaultier, é a primeira coisa que nos vem à cabeça. Na minha, então, vem um marinheiro Popeye inteirinho, com tatuagem, espinafre e tudo!

Não há uma coleção dele que não traga um listrado, clássico ou reeditado. Taí outra estampa que não sai de moda! Por isso, esta homenagem a Gaultier é pautada, é claro, nas listras navy, que, inicialmente, vestiam somente homens, mas, com o impulso de Coco Chanel, nos anos 20, também passaram a encantar as mulheres. Hoje, as listras são estampa indispensável no guarda-roupa de todos os sexos (não podemos falar mais em apenas dois, né?), agradando dos gostos mais tradicionais aos mais descolados, tal e qual a oncinha da Carmen!

O Blog da Hilde e esta Hilde propriamente dita somos fãs de Carmen - a I e Única - de Gaultier, de oncinha e de navy! Vocês também, não é? ;)

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Fotos: reprodução

Blog da Hilde recomenda: chapéu mosquiteiro, o acessório trendy da temporada!

Via Blog da Hilde Angel

Sejam os chapéus envoltos com véu do início do século XX, sejam as charmosas voilettes dos anos 50/60 ou até mesmo o modelo moderninho de gorro com tule, da Jil Sander.... E o Blog da Hilde recomenda: nesses tempos de dengue, também vale estar protegida com estilo. Portanto, tire seu chapéu mosquiteiro do armário e venha com a gente dar um chega pra lá na epidemia que assola o Rio de Janeiro, devidamente munida de um bom repelente, é claro! ;)

 Acompanhem nosso editorial chiquérrimo e bem-humorado... 


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Fotos: reprodução

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fica, vai ter bolo!

Neste 24 de abril, dois ícones da moda sopram velinhas!
Um porque cria para vestir, a outra porque quando veste recria.
Eles são o francês Jean Paul Gaultier e a paulista de Pirajuí, Carmen Mayrink Veiga!
Feliz aniversário!!! ;)


terça-feira, 23 de abril de 2013

Novos artistas plásticos reinterpretam a obra de Zuzu Angel em exposição no Rio de Janeiro

Anotem aí:

No dia 27 de abril, acontece na TAL, Antiga Fábrica da Bhering, a abertura da exposição "Arte, uma Política Subversiva", onde novos artistas plásticos reinterpretam a obra de Zuzu Angel.

Contamos com a presença de todos! ;)



A grande dama dos museus, Katia Johansen, não contraiu dengue, mas contagiou a todos com sua paixão pela Moda!


Num jantar para 40 convidados, o índice de recusas de última hora foi baixíssimo: apenas dois casais. E nos dois casos pelo mesmo motivo: um dos membros do casal foi nocauteado pela dengue. A Mary Marinho, do Haroldo Costa. O Ricardo Straus, da deputada Cidinha Campos. Se o percentual é pequeno para as abstenções, é altíssimo em seu tratando da causa: a picada do mesmo mosquito.
É fato: a epidemia bateu à nossa porta. Há dias escrevi sobre isso., como vocês podem ler aqui: Tragam-me o balde eu quero vomitar. E, pelo andar da coisa, não estranharei se, com o aprofundamento desse problema sanitário, cheguemos a extremos como o cancelamento de alguns grandes eventos que se aproximam. Como a Jornada Mundial da Juventude ou o Encontro Anual do ICOM – International Council of Museums, reunião importantíssima no universo cultural, que agrega os maiores museus do mundo, em órgão vinculado à Unesco.
Se a dengue permitir, o Encontro Anual do ICOM deverá acontecer na Cidade das Artes em agosto.
E por quê me estendo sobre o assunto antes de falar do jantar? Porque a homenageada de honra, Katia Johansen, é simplesmente presidente, há mais de 20 anos, do Costume Committee do ICOM, e vem ao Rio de Janeiro para a reunião. Ela também é a curadora da Royal Danish Collection, uma das coleções mais preciosas entre as de todos os museus do mundo, e veio ao Rio trazida peloInstituto Zuzu Angel-IZA para ministrar o workshop Museologia da Moda, sob os auspícios do IZA e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, com vistas ao próximo Museu da Moda.
Katia Johansen é tipo La Grande Dame da Conservação e da Restauração de Têxteis (indumentária/moda). E isso ficou patente pela frequência do curso que atraiu diretores de museus, museólogos, especialistas de todo o país, professores fazendo seus mestrados e doutorados. De Santa Catarina, de São Paulo (do Museu Clodovil Hernandez, em formatação), do Paraná, da Paraíba, de Minas Gerais. Do Rio de Janeiro, de volta aos bancos escolares, anotando, lápis, tesoura e fita métrica em punho, o diretor do Museu Carmen MirandaCesar Balbi, a museóloga Márcia Bibiani, ex-Diretora de Museus do Estado, a museóloga Vera Lima, conservadora que montou a coleção têxtil do Museu Histórico Nacional, a figurinista Emília Duncan, as professoras do IZA, Celina de Farias, Lucia Accar, Lucia Abdenur, a diretora do Museu da Moda, Luiza Marcier, e eu, Hildegard Angel, presidente doInstituto Zuzu Angel. Todos nós aprendendo, aprendendo…
Aprendendo a fazer moldes, a manipular roupas históricas do século 16, a vesti-las em manequins do modo adequado, a embalá-las, a quando usar e não usar luvas na manipulação das roupas, aprendendo até a dar nós e fazer origamis.
Pois uma das regras primordiais, segundo Katia, é saber usar as mãos. Saber o básico. Saber tudo. Costurar, bordar, tricotar etc. O oposto de antigamente, quando se dizia que um criador de moda não precisava costurar. Segundo Katia, precisa sim. Precisa saber, para fazer direito…
Foram quatro dias intensos e deliciosos. Dias de trabalho full time. Com o anúncio de Katia, no encerramento do curso, de vir dar outro curso, no final de agosto, pela mesma parceria Instituto Zuzu Angel/Secretaria de Cultura, em que ensinará todas as técnicas de uma Exposição de Moda
Assim, depois dessa maratona de ensinamentos, eu a recebi, não mais como aluna, mas como amigas que nos tornamos e como presidente do Instituto Zuzu Angel, que sou, ao lado de meu marido, Francis Bogossian, para um jantar entre outros amigos, preparado pelo impecável chef Demar.
Gente da cultura, como Heloisa Aleixo Lustosa, presidente da Academia Brasileira de Artes, que Katia tanto queria conhecer. Ou La Grande Dame do balé,Dalal Achcar. Das ciências; o mestre Pitanguy, que falou sobre suas visitas ao Royal Danish Museum, e Paulo Niemeyer. A colecionadora de esmeraldas,Angélique Chartouny, e o colecionador de Brasil ImpérioPaulo Barragat. A mais premiada das carnavalescas, Rosa Magalhães. A colecionadora de elegâncias,Lourdes Catão; de amigos, Regina Rique; a ambientalista deputada Aspásia Camargo…. enfim, aí estão eles, nossos queridíssimos convidados, em torno deKatia Johansen, que já embarcou de volta à Dinamarca e, graças a Deus, não contraiu a dengue!
Mas é certo que Katia nos contagiou a todos com sua paixão pela conservação da memória e da História através dos têxteis. Uma semente plantada neste I Curso de Museologia da Moda, acontecido no charmoso Copacabana Praia Hotel, e que há de frutificar para sempre neste país.
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Fotos de Marcelo Borgongino

Museologia da Moda: já estamos com saudades!

Confiram alguns cliques do curso de Museologia da Moda, ministrado pela super expert Katia Johansen, do Royal Danish Collections, na última semana, no Copacabana Praia Hotel! Alunos de todo o Brasil, gente das mais variadas áreas: Moda, Figurino, Museologia, Artes Plásticas...Todos interessados em conhecer melhor a técnica e a importância histórica de se preservar a Moda e a Indumentária para as futuras gerações... Ao que tudo indica, em agosto teremos um novo curso! E que venha o Museu da Moda Brasileira! ;)


Professora Katia Johansen nos mostra um manto real espetacular do séc. XVII...


Sala lotada! Estudantes de moda, museólogos, professores, figurinistas, estilistas e curiosos, todos interessados em aprender sobre a museologia no campo da moda


Hora de vestir os manequins.


Mão na massa.


Preenchendo...


Uma das alunas trouxe uma blusa usada por sua avó em 1978, na festa de 15 anos da tia. Fofo! 


Um dos alunos trouxe uma camisa estampada de seu avó, assinada por Jacques Fath! Memórias e tesouros de família 


Modelistas em ação. 


Hilde Angel assinando certificados dos alunos do primeiro curso de Museologia da Moda! Felicidade enorme!!!


Marcia Bibiani e a releitura dos babados de Carmen Miranda por Carlos Tufvesson no curso de Museologia da Moda IZA/SEC no Copacabana Praia Hotel.


Teacher Katia Johansen ajustando réplica de figurino de Carmen Miranda, do filme Aconteceu em Havana. 


Aluna Barbara fazendo pose de Carmen Miranda com réplica de figurino do filme Uma Noite no Rio.


Os alunos Cristiana e Ivan com releitura de Napoleão Lacerda para roupa de Carmen Miranda 

 

No último dia, os alunos trouxeram fotos antigas de família. Super bacana!


Entrega de certificados do curso de Museologia da Moda! Já estamos com saudades, mas em agosto tem mais!!! :)

Zuzu Angel, ou a exterminação dos anjos

Reproduzimo aqui um lindo post sobre Zuzu Angel, escrito e publicado por José Gayegos em seu blog! ;)


14 de abril de 1976: um Karmann Guia, sai do Túnel dois Irmãos e despenca, num “acidente”, rumo ao abismo. Dirigindo, Zuzu Angel, renomada estilista e desvelada mãe que lutava como leoa à procura de seu filho Stuart Angel ,  preso, torturado e morto pela ditadura de plantão. Bem relacionada, conseguiu ser recebida por autoridades e pessoas importantes, no Brasil e no exterior, onde, graças à sua moda, conseguira amizades influentes, inclusive fazendo um desfile histórico, apresentando modelos ensanguentados, pássaros engaiolados e tanques de guerras bordados. Sua insistência em saber do destino do  filho, incomodou e irritou os incomodáveis irritáveis daqueles tempos tenebrosos, sabendo que isso poderia custar-lhe a vida; como de fato,  custou.
Conheci seu trabalho como costureira e estilista na Casa de sua filha Hildegard Angel, que me abriu as portas para selecionar os modelos , posteriormente mostrados no SENAC-SP em uma exposição comandada por mim. Curioso, acabei descobrindo entre centenas de papeis, uma página em que ela dizia: “não tenho coragem, quem tinha coragem era meu filho, eu tenho credibilidade”. Li e me emocionei, mas discordando dela. Tinha sim muita coragem “Esta Mulher”, cantada por Chico Buarque, enfrentando os poderosos-afrontosos que nos tratavam como suas propriedades, podendo fazer e desfazer, sem prestar contas a ninguém.
Zuzu dizia “ Eu sou a moda brasileira”
Neste país de memória tão curta e tão vazia, relembrar Zuzu, é uma tarefa obrigatória para alguém, que como eu, faz questão de manter os nomes que construíram nossa moda em evidência, já que aqueles que deveriam fazê-lo, estão preocupados com “glamour” e desfiles inúteis,  mas nunca com a história dos personagens que abriram as portas para o que se atrevem a chamar de “moda brasileira” O mais lamentável é que ela seja lembrada somente  pela tragédia de sua vida, não por suas belas criações. Assim é, como dizia Millôr Fernandes, o Brasil, “país em que todo dia, é primeiro de abril”

terça-feira, 9 de abril de 2013

Wikileaks também vaza documento sobre morte de Zuzu Angel!

Via Blog da Hilde Angel

Outra notícia divulgada pelo Portal EBC, da Agência Brasil, do Governo Brasileiro, que eu abaixo transcrevo, dando conta de mais um vazamento do Wikileaks envolvendo pessoas de minha família assassinadas pela ditadura militar. Desta vez, minha mãe.

Wikileaks: EUA mostravam preocupação com morte de Zuzu Angel

Leandro Melito – Portal EBC – 08.04.2013 – 21h56 | Atualizado em 08.04.2013 – 22h12

Um documento de 10 de maio de 1976 enviado pela embaixada dos EUA em Brasília para os escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro e disponibilizado pelo Wikileaks mostra a preocupação do governo norte-americano com a repercussão da morte da estilista Zuzu Angel, mãe de Stuart Angel, assassinado por agentes da marinha em 1971.

“A morte de Zuzu Angel que ocorreu em 14 de abril, quando o automóvel que ela estava dirigindo deixou a rodovia após sair de um túnel no Rio, está sendo amplamente veiculado na imprensa”, diz o telegrama. “A cobertura da imprensa notou que a cena do incidente não mostrou marcas de derrapagem ou frenagem”, destaca o telegrama.

O documento relata diferentes versões veiculadas sobre as possíveis causas do acidente. “Embora o relatório oficial sobre o incidente fosse esperado para ser emitido dentro de cerca de um mês, alguns jornais supõem que ela poderia ter cochilado, desviado para evitar um pedestre, ter sido cortada por outro veículo ou se distraído ao sair do túnel”, aponta.

A carta, que está disponível online, não descartava a hipótese de acidente, mesmo que negado pela ditadura da época. “As afirmações de que houve um crime eram de se esperar, e não incluem referência a qualquer evidência. No entanto, é interessante que tais afirmações surjam e que, embora elas pareçam extremos, não podem ser descartadas”.

Em 1998, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos julgou o caso e reconheceu o regime militar como responsável pela morte da estilista. Segundo depoimentos, ela teria sido jogada para fora da pista por um carro pilotado por agentes da repressão.

Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0


Wikileaks divulga documento americano relatando assassinato de Stuart Angel Jones!

Via Blog da Hilde Angel

A colunista transcreve a matéria que acaba de ser publicada ainda há pouco, às 18h49m, no portal oficial do Governo Brasileiro, o EBC, da Agência Brasil, confirmando tudo o que minha mãe, Zuzu Angel, bradou sempre aos quatro ventos, enquanto era recebida com frieza, indiferença, olhares distraídos, como se não passasse de uma louca, desvairada, uma fantasiosa obcecada.

Obstinação que a levou a também ser assassinada, em 14 de Abril de 1976, um mês após entregar ao Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger um dossiê relatando a morte de meu irmão, Stuart.

Pelo documento enviado pela Embaixada Americana ao Departamento de Estado dos EUA, em 1973, Stuart foi absolvido em sessão secreta pelo Supremo Tribunal Militar, confirmando decisão do Tribunal da Aeronáutica, que já o sabia morto desde 1971. O que aconteceu na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, comandada pelo brigadeiro Burnier.

Em tempo, o assassinato de minha mãe não se deu num “acidente inexplicado” como até hoje a imprensa insiste em equivocadamente afirmar.

Em 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso, o dito “acidente” foi devidamente esclarecido e provado como provocado pelas forças extremas, radicais e malvadas da ditadura militar brasileira, em inquérito da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, liderado pelo relator Miguel Reale Jr., havendo inclusive duas testemunhas oculares do crime, localizadas pelo Governo Brasileiro na Paraíba, em João Pessoa. Ficou faltando identificar os nomes dos algozes de minha mãe. O ex-torturador Claudio Guerra, em seus relatos no livro Memórias de uma guerra suja, chega a nominar um dos possíveis assassinos, mas a Comissão da Verdade ainda não buscou essa pista. Isso é História do Brasil.

Wikileaks: documento relata assassinato de Stuart Angel 

Leandro Melito – Portal EBC – 08.04.2013 – 18h49 | Atualizado em 08.04.2013 – 20h14

Brasília – Disponibilizado pelo Wikileaks, documento da embaixada dos EUA em Brasília endereçado aos escritórios de Assuntos Interamericanos do Departamento de Estado dos EUA, em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, no dia 14 de março de 1973, fala sobre o assassinato do militante Stuart Edgar Angel Jones, que teria sido absolvido em sessão secreta da Suprema Corte Militar dois anos após sua morte.

Assinado pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, William Manning Rountree, o telegrama narra “o capítulo final do trágico caso” de Stuart Angel. “Na última semana, em uma sessão secreta, a Suprema Corte Militar reafirmou a decisão do Tribunal da Aeronáutica em absolver Jones de sua alegada contravenção ao Ato de Segurança Nacional. Como o departamento está consciente, Jones foi detido no Aeroporto Galeão (Rio) em 1971 e subsequentemente assassinado por agentes da Aeronáutica”.

Na virada das décadas de 60/70, passou a militar no MR-8, grupo de ideologia socialista que fazia a luta armada contra o regime militar, onde usava os codinomes ‘Paulo’ e ‘Henrique’. Em 14 de junho de 1971, Stuart Jones foi preso, torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica). Foi casado com a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, presa, torturada e morta dois anos depois e também dada como desaparecida.

Então com 25 anos, Stuart era filho do americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, figurinista e estilista conhecida internacionalmente. Ele foi estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e possuía dupla nacionalidade, brasileira e americana.

Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0 


 Stuart Edgar Angel Jones, preso, torturado, assassinado na Base Aérea do Galeão, até o Wikileaks sabe e divulga, mas os malfeitores continuam impunes de um crime imprescritível: a TORTURA

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Marcelo Rubens Paiva exige retratação do governador de São Paulo

Via Blog da Hilde Angel

Reproduzo aqui o texto publicado ontem por Marcelo Rubens Paiva em seu blog no site do Estadão em que ele pede ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se retrate. Como familiar de desaparecido, mortos e torturados pela ditadura militar brasileira, endosso a exigência e a indignação expressas por Marcelo e subscrevo seu bem escrito texto, com colocações muito pertinentes.
Hildegard Angel


EXIGE-SE UMA RETRATAÇÃO

Marcelo Rubens Paiva                                                                                            03.abril.2013

Nesta semana, na cerimônia de entrega de parte dos arquivos do DOPS-SP digitalizados, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, apareceu com o novo secretário particular, o advogado Ricardo Salles, um provocador que já disse coisas como “felizmente tivemos uma ditadura de direita no Brasil”.

Salles já concorreu duas vezes, a deputado federal e estadual, pelo PFL e depois pelo DEM, mas não conseguiu se eleger.

Meus colegas do ESTADÃO, Júlia Duailibi e Bruno Lupion lembraram ontem no jornal: Salles é fundador do radical Instituto Endireita Brasil, que, na rede social, entre outras pérolas, como criticar o casamento gay e a Comissão da Verdade, já publicou que Dilma é uma terrorista.

Comentou o analista Glauco Cortez: “Salles cuidará de toda a agenda do governador do estado mais rico do País. Aparentemente uma função burocrática, mas o fato é que, com essa nomeação, o político tucano instala, dentro do Palácio dos Bandeirantes, um movimento que exala obscurantismo.”

Mas a declaração mais chocante de Salles embrulha o estômago de muitas famílias vítimas da Ditadura, como a minha.

Segundo o assessor do governador de SP, “não vamos ver generais e coronéis acima dos 80 anos presos por crimes de 64, se é que esses crimes ocorreram.”

Sim, esses crimes ocorreram.

Nem precisamos citar a extensa biografia à respeito, nem os testemunhos colhidos há décadas, no projeto TORTURA NUNCA MAIS, da Igreja. Nem depoimentos de gente do partido do governador, como FHC e José Serra, cassados e exilados pela ditadura, ou de gente da liderança e base tucana que foi torturada.

Sou testemunha viva. Eu e minhas irmãs. Vimos nossa casa no Rio de Janeiro ser invadida por militares armados com metralhadoras em 20 de janeiro de 1971.

Vimos meu pai, minha mãe e irmã Eliana serem levados.

Minha mãe ficou 13 dias presas no DOI/Codi, sem que o Exército reconheça ou tenha feito qualquer acusação.

Meu pai entrou no quartel do Exército e não saiu vivo de lá. Também não sabemos o motivo da prisão, a acusação. Não entendemos as negativas posteriores de que estivesse preso.

Abaixo, documentos que provam que, sim, crimes ocorreram.

Em nome da decência, exigimos uma retratação do secretário e um pedido de desculpa do Governo do Estado.

Que está onde está graças aos que lutaram, foram torturados ou deram a vida pela redemocratização do País.

Brasileiros que merecem mais respeito.

DOCUMENTO DE ENTREGA À MINHA TIA RENNÉ PAIVA DO CARRO QUE MEU PAI DIRIGIU ESCOLTADO ATÉ A PRISÃO

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DOCUMENTO DA ENTRADA DELE NO DOI, DESCOBERTO RECENTEMENTE EM ARQUIVO DO EX-CHEFE, CORONEL REFORMADO JOSÉ MIGUEL MOLINA

  documento prontuario_rubens_paiva-815x1024

ATESTADO DE ÓBITO DE 1996, 25 ANOS DEPOIS DO DESAPARECIMENTO, POSSÍVEL GRAÇAS À LEI DE RECONHECIMENTO DOS DESAPARECIDOS POLÍTICOS, ENVIADA PELO PRESIDENTE FHC AO CONGRESSO


documento certidao-obito-rubens00011