terça-feira, 29 de novembro de 2011

História da Moda ganha prêmio Museu da Casa Brasileira

Do Blog da Hilde, via Blog Estácio Fashion

"O excelente livro História da Moda no Brasil, cujo lançamento no Rio de Janeiro teve o apoio do Instituto Zuzu Angel de Moda, acaba de ganhar o 25º Prêmio de Design do Museu da Casa Brasileira, na categoria de “trabalho escrito”. Trata-se de uma publicação da Pyxis Editorial, com patrocínio das Pernambucanas, e a entrega do prêmio foi no dia 22 de novembro, na sede do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, viva!"

Parabéns aos autores-pesquisadores desta obra, o professor João Braga e o jornalista Luís André do Prado!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Momento inspiração: backstage de Tsumori Chisato - f/w 11

Vejam que graça essas fotos do backstage da coleção outono/inverno 2011 de Tsumori Chisato. Certamente, a estilista buscou inspiração nos anos 60. As estampas psicodélicas e os óculos grandões e arredondados estão aí para provar. Sem contar que a cartela de cores em tons pastel é super lindinha!... :)











Para ver a coleção completa, clique aqui


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PARTICIPE: I Prêmio Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag - Blogs de Moda!

Atenção, blogueiros e blogueiras fashion deste Brasil!

Quem aqui não gostaria de ganhar um curso de férias em uma das melhores faculdades de moda do mundo?!

Pois é a sua chance! Se você tem um blog de moda, participe do I Prêmio Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag - Blogs de Moda!


Uma banca avaliará e elegerá os melhores blogs da área! Serão distribuídos 3 super prêmios!

O primeiríssimo lugar ganha uma bolsa de intercâmbio no Istituto Marangoni, em Londres, para o curso Summer Fashion Design (!!!) + selo de qualidade Top Fashion Blog, concedido em conjunto pela Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag!

O segundo lugar leva pra casa um super notebook + selo de qualidade Top Fashion Blog, concedido em conjunto pela Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag!

O terceiro lugar ganha um celular Blackberry + selo de qualidade Top Fashion Blog, concedido em conjunto pela Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag!

Do quarto ao décimo lugar, selo de qualidade Top Fashion Blog, concedido em conjunto pela Estácio, Instituto Zuzu Angel e Is Fashion Mag!

Tá esperando o que???!!! Leia o regulamento aqui e participe!
Lembrando que as inscrições vão até o dia 31 de janeiro de 2012!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais uma peça para o acervo do Instituto Zuzu Angel!

Recentemente, nossa querida Hildegard Angel recebeu um adorável cartão e uma linda clutch da estilista Martha Medeiros. E nós, claro, não poderíamos deixar de registrar a singela e delicada homenagem a Zuzu Angel...

Mas antes, conheçam um pouco mais o trabalho de Martha...

Martha Medeiros é um dos grandes nomes de nossa moda contemporânea. Sabe valorizar, como poucos, a identidade brasileira através do artesanato, sobretudo, das rendas - sua grande especialidade. A estilista consegue transformar o artesanal em produto de moda, de maneira bela e sofisticada, unindo tendências, criatividade e bons acabamentos, assim como Zuzu Angel o fez...

Acima, vestido de noiva Martha Medeiros. A peça foi toda feita de rendas brasileiras. Martha trabalha com cooperativas de rendeiras localizadas às margens do rio São Francisco. São quase 200 mulheres habilidosas e talentosas! De seu pequeno atelier, em Alagoas, saem as criações que ganham os cabides de sua loja nos Jardins e que são exportadas para a Europa, Oriente Médio e EUA, encantando as mulheres mais elegantes deste globo terrestre. Zuzu Angel já dizia: A moda brasileira para ser internacional tem que ser legítima...

Acima, vestido de noiva Zuzu Angel, da coleção International Dateline Collection, 1972, feito para a Bergdorf Goodman, de Nova York. Este vestido é todo em renda de bilro entremeada e ligada por quadrados de organza, tendo no centro buquês de florezinhas coloridas bordadas em ponto de cruz - Crédito: Acervo Instituto Zuzu Angel

Outra frase marcante de Zuzu: A única vantagem de se fazer moda no Brasil é que temos mais fontes de inspiração do que em qualquer outro lugar.

E com razão, viu?! Martha Medeiros, Ronaldo Fraga, Isabela Capeto e tantos outros talentos da moda brasileira estão aí para provar isso...

Mas voltando ao presente de Martha para Hilde, confiram o que estava escrito no cartão:


Vou fazer um evento no Rio, no próximo dia 23, na loja Nag Nag, e adoraria receber você, afinal, além de uma jornalista incrível, você é filha de um ícone que todos nós estilistas temos como referência e agora que vou fazer um desfile em Nova York é que mais me inspiro nela - Martha


Junto com o cartão, foi presenteado um lindo catálogo com peças marcantes da carreira de Martha e uma delicada clutch de renda!...

A clutch, acima, passará a integrar nosso acervo como peça referência da influência de Zuzu Angel nas novas gerações da moda brasileira...

Até a embalagem onde vieram o catálogo e a clutch possui relevo que imita renda. Uma graça!...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Zuzu Angel na unFLOP Paper!

A unFLOP é uma revista semestral italiana, escrita em inglês, que aborda de maneira super cool e artsy a Moda, as Artes Visuais e a Música. A cada edição, um artista é convidado para desenvolver a capa da publicação e um vinil exclusivo que a acompanha. Além disso, a unFLOP é 100% ecológica, totalmente impressa em papel reciclado e tinta vegetal. Por essas e outras, a revista é digna de ser peça de colecionador...

Para criar a arte da capa + vinil da unFLOP número 2 , a revista convidou Antonia Baehr, artista, coreógrafa, diretora e performer alemã. A embalagem de proteção é super artesanal, no melhor estilo DIY, toda de papelão amassadinho. Confiram...

A embalagem em estilo DIY (do it yourself) vem acompanhada de um vinil. Fotos via thedieline.com

Capa da UnFLOP Paper 2

O que nos deixa extremamente honrados é a matéria publicada sobre Zuzu Angel, escrita pela jornalista Delphine Hervieu. A revista dedicou oito páginas à vida e obra de Zuzu, com lindas fotos e delicado texto. Até a arte que acompanha as imagens é de fazer brilhar os olhinhos, pois foi todinha criada baseada nas estampas tropicais de Zuzu...

Abaixo, algumas das imagens publicadas na unFLOP...

Fotos pertencentes ao Acervo do Instituto Zuzu Angel

E, por último, assistam ao vídeo super cool de apresentação da revista, onde a modelo Choi aparece vestindo look Saint-Laurent vintage...

unflop.it

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SAVE THE DATE: 3° Fashion Day!

Anotem aí! Na próxima quarta-feira (23), acontece a terceira edição do Fashion Day. Um dia super bacana, quando os alunos do Curso de Design de Moda IZA/Estácio expõem seus trabalhos, fazem performances e participam de palestras. E sabe o que é melhor? Quem não é aluno do curso e ama moda, claro, pode conferir tudo de pertinho! Todos são bem-vindos! O evento vai das 10h às 19h.

O Campus Akxe fica localizado na Universidade Estácio de Sá - Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso, 2.900 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro


Pagu, admirável, incontrolável, intensa!

Via Blog da Hilde

Muitos de vocês já devem ter ouvido falar em Pagu, a eterna musa do Modernismo brasileiro. Por muitos anos, tocar no nome de Patricia Galvão, a Pagu, foi sinônimo de preconceito ou motivo de menosprezo. Muitos a consideravam louca, devassa e subversiva para sua época. Na verdade, Pagu estava muito à frente de seu tempo. Era mulher livre, intensa, inteligente, contestadora, criativa, sem papas na língua e cheia de estilo...

A bela e instigante Pagu, no auge de sua juventude, final da década de 20. O poeta Raul Bopp escreveu o seguinte poema para a jovem: Pagú tem uns olhos moles/ uns olhos de fazer doer/ Bate-coco quando passa/ Coração pega a bater/ Eh Pagú eh!/ Dói porque é bom de fazer doer (...)

Ano passado, se estivesse viva, Pagu teria completado 100 anos. Neste 2011, não poderia haver uma homenagem mais justa do que fazer dela tema central da Ordem do Mérito Cultural, a mais importante condecoração conferida pelo governo brasileiro a pessoas e entidades que, de forma significativa, contribuíram para a Cultura Brasileira. A premiação aconteceu nesta quarta-feira, no Teatro Santa Isabel, no Recife. Na ocasião, Zuzu Angel, minha querida mãe, também foi homenageada. Mas a noite era mesmo de Pagu...

Pagu foi pensada e apresentada em detalhes. Toda a sinalização do evento, as imagens projetadas no palco durante a premiação, o livreto de apresentação dos premiados e até um kit Pagu foi distribuído a todos os convidados na cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural, constando de foulard Pagu, t-shirt Pagu, bolsa Pagu, diário de Pagu...

Pagu nasceu em 1910, na cidade de São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Sempre foi muito precoce. Aos 12 de idade, conheceu Olympio Guilherme, diretor do primeiro filme neorrealista brasileiro, Fome (1931), com quem iniciou sua vida sexual. Aos 15, Pagu já colaborava, sob o pseudônimo de Patsy, para um pequeno jornal em circulação na cidade de São Paulo. Na mesma época, frequentou o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde tinha aulas com ninguém menos que Mário de Andrade...

Pagu, ainda menina

Pagu, aos 17

Por volta dos 18 anos, conheceu o poeta Raul Bopp, que lhe deu o apelido de Pagu, pois achava que seu nome era Patrícia Goulart, ao invés de Patrícia Galvão. O apelido, vocês sabem, a acompanhou pela vida toda. Foi o mesmo Raul Bopp quem a enturmou com os artistas e poetas modernistas. A jovem passou a frequentar reuniões na casa de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. O casal ficou encantado por ela. Tarsila adorava vestir Pagu como se fosse a sua bonequinha e a levava para todos os lugares. A admiração era mútua. Pagu foi bastante influenciada por Tarsila, e também a influenciou nos traços de seus desenhos. Era impossível não se encantar pelo ar misterioso da bela Pagu... Oswald de Andrade que o diga! O encantamento foi tal, que ele acabou largando Tarsila para ficar com a menina, para grande sofrimento da artista...

Croqui de Pagu, de 1929. Traços simples, quase primitivos

Desenho provocativo para a época, do Album de Pagu

A gatinha Pagu

Aos 19, Pagu passou a colaborar com a revista modernista da Antropofagia, onde publicou alguns de seus desenhos. No ano seguinte, 1930, casou-se com Oswald de Andrade, com quem teve um filho chamado Rudá. A escolha do local para a cerimônia do "Sim" foi um tanto ou quanto peculiar: um cemitério! Nessa mesma época, Pagu viajou para Buenos Aires, onde conheceu Luis Carlos Prestes. Voltou ao Brasil, encantada com seus ideais e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Junto com Oswald, publicou o polêmico jornal O Homem do Povo, impedido de circular pela polícia. Pouco tempo depois, Pagu foi presa por se envolver em uma manifestação. Tornou-se a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivos políticos...

Pagu com o filho Rudá de Andrade

Pagu sendo libertada de uma de suas inúmeras prisões por motivos políticos

A história seguiu, Pagu foi libertada, mas ainda seria presa mais 22 vezes em sua vida! Todas por motivos políticos. Algum tempo depois, publicou o primeiro romance proletário brasileiro, Parque industrial, e passou a viajar o mundo, como correspondente de jornais do Brasil...

Em sua volta ao Brasil, se separou de Oswald de Andrade. Devido a suas ideias libertárias, passou a ser considerada uma "inimiga" do governo Vargas. Anos mais tarde, casou-se com o jornalista Geraldo Ferraz, com quem teve um filho, Geraldo Galvão Ferraz. Continuou escrevendo poesias, crônicas e romances. Além de colaborar com jornais e traduzir livros, arriscou-se, também, como dramaturga. Pagu foi uma mulher muito ativa, mesmo com as idas e vindas da prisão, ela continuava a produzir. Em 1962, doente, morre de câncer, aos 52 anos...

Pagu era cheia de personalidade. Além de vanguardista no modo de pensar, agir, escrever e desenhar, ela ainda ficou bastante marcada por seu estilo de se vestir. Pagu era ultra-fashion. Andava sempre maquiada, lábios preenchidos por batom vermelho bem escuro, quase roxo de tão intenso. Os cabelos no ombro, desgrenhados, um pouco desarrumados, mas super charmosos. Blusas transparentes ou roupas curtas demais para a época não eram problema para ela...

A Ordem do Mérito Cultural 2011, além de contemplar, merecidamente, tantos nomes e valores da cultura nacional, também foi uma boa oportunidade para muitos conhecerem a admirável, incontrolável e intensa Pagu!...

Fotos: reprodução

A democrática Ordem do Mérito Cultural 2011


Batidas compassadas de surdo. Assim, esquisita, sincopada, alegremente soturna, toca dentro de mim a música da despedida do Recife. A farewell song por dois dias, nada mais do que isso, vividos com total intensidade, quando fui receber a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, in memoriam, por minha mãe, Zuzu Angel. Não pela primeira vez, cumpro esta missão, sempre molhada com choro, de ir reverenciá-la post mortem. A anterior foi a Comenda do Rio Branco, entregue por Lula presidente. São todas medalhas muito pomposas, cruzes douradas e com esmalte, colares, faixas de gorgurão terminando em rosetas, bonitas demais. Minha mãe ficaria tão orgulhosa! Em vida, ela mesma inventou sua condecoração: um anjo de biscuit, carregando uma braçada de flores, que ela levava ao pescoço nas ocasiões especiais, representando seu filho morto, e na cintura uma carreira de crucifixos, de todos os tamanhos e formatos, representando o suplício de Stuart...

Mas ir ao Recife teve muitos outros significados. Ao pisar na rampa do Hotel Atlante, reencontrei Graça Lago, a filha de Mario Lago, outro homenageado in memoriam. O grande ator, um bom amigo de meu passado de colunista da área de TV/Teatro/Cinema e atriz. E assim foram os sucessivos reencontros na "Veneza brasileira", back to the past. Revi Sergio Mamberti, do Ministério da Cultura, lembrando-me tanto de minha tia saudosa, Virginia Valli, sua amiga próxima e cara. O mesmo fez João das Neves, outro premiado, com quem Virginia, atriz-titiriteira-escritora-editora, trabalhou no Teatro Jovem e no Opinião. E o neto do estimado fabuloso ator Paulo Gracindo, outro "comendador" in memoriam. E, lá, os Dzi Croquetes remanescentes, fazendo-me voltar no tempo ao Wagner Ribeiro, amigo de minha geração teatral, fundador do grupo, cujo filme agora quer concorrer ao Oscar de melhor documentário. Wagner é outra parte da história de Zuzu, pois, tão talentoso, foi também artesão e criava para mamãe cintos e acessórios de couro maravilhosos pirografados com desenhos bem da época, anos 60, 70, grande moda. Ah, o Wagner! Que doçura, quanta suavidade! Que saudade! Em sua casa fofa de Santa Teresa, panos indianos, pura sensibilidade. Não está mais entre nós. Mas estavam lá o Claudio Tovar, o Ciro Barcelos, o Bayard Tonelli recebendo o prêmio conferido ao grupo Dzi...

A lista dos agraciados com a Ordem Do Mérito Cultural neste 2011 distinguiu-se de todas as demais dos anos anteriores, desde que ela foi instituída em 1995, no Governo Fernando Henrique Cardoso. Pude fazer uma atenta comparação. Nos anos precedentes, aos nomes ilustres e reconhecidos de nossa vida cultural somavam-se os de políticos, grandes empresários, banqueiros, personalidades midiáticas, militares, religiosos, personalidades das estruturas de poder, famosos. Neste ano, ficou evidente a preocupação em premiar personalidades de todo o país, a fama não foi prioridade, a cultura popular foi muito prestigiada, iniciativas importantes porém pouco conhecidas foram contempladas e os mortos não foram esquecidos. Daí que, sob a égide de Pagu, personalidade símbolo desta entrega, receberam suas medalhas, da artista plástica carioca Adriana Varejão, das mais cotadas no mercado internacional da arte contemporânea, ao jornalista mineiro Afonso Borges, criador do projeto Sempre um Papo; da precursora do movimento feminista a escritora Ana Montenegro, in memoriam, ao músico Antonio Nóbrega (curiosamente, o pernambucano foi o único ausente, mesmo o evento acontecendo no Recife); do mestre Apolonio Melonio, do Bumba-meu-boi das Flores, ao ator baiano Antonio Pitanga; da Associação Capão Cidadão, de dança, do Capão Redondo, aos artesão de Santana de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha...

E mais a Beth Carvalho, no samba, o Betinho, in memoriam (quantos aplausos!), o escritor mineiro Campos de Carvalho, in memoriam, bem como o pernambucano Capiba (e a plateia, comovida ao lembrá-lo, cantarolou um frevo dele inteirinho, foi de chorar de tão lindo). A Casa Wariró, dos produtos indígenas do Rio Negro, o ator premiado Chico Diaz, a notável Clarice Lispector, in memoriam (e o Teatro Santa Isabel, onde foi a premiação, vibrou com a menção do nome), a professora de antropologia do Maranhão, Claudett Ribeiro, a Central Única das Favelas do Rio, o seleiro Espedito, do sertão do Cariri, o Festival de Dança de Joinville, o Festival Santista de Teatro. O gravador gaúcho Glênio Biachetti, o grupo carioca Dançando Para Não Dançar, o Cumbuca, grupo de dança do Piauí, o Galpão, o cineasta Gustavo Dahl, in memoriam, o cineasta Héctor Babenco...

Foi lembrada a poetisa Helena Kolody, foram premiados a atriz Ittala Nandi e o cantor Jair Rodrigues, e já não era sem tempo. João do Vale, in memoriam, assim como foi in memoriam a comenda ao diretor José Renato. O Santa Isabel vibrou quando foi mencionado o nome de Leila Diniz. A filha Janaína ficou feliz, feliz. Lelia Abramo, outra premiada in memoriam. Luiz Melodia condecorado. A Academia Brasileira de Letras, representada por seu presidente, Marcos Vilaça. A escritora Lygia Bojunga. O Maracatu Estrela de Tracunhaém. A representante do Memorial Unisinos, que reúne o patrimônio dos Jesuítas, obras raras, no Rio Grande do Sul, me perguntava, intrigada, como eram escolhindos os premiados, pois não imaginava como eles chegaram ao Unisinos, que guarda acervo preciosíssimo da Companhia de Jesus. Nelson Cavaquinho, in memoriam, e o filho estava lá para receber. O Pedreiro carioca que fez uma biblioteca em Tobias Barreto. Quinteto Violado, Teatro Tablado, a artista plástica Tereza Costa Rêgo. O grande nome do teatro do Pernambuco, Valdemar de Oliveira, in memoriam. O artista plástico Vik Muniz...

E deixo para o fim o comendador in memoriam, o mais importante educador brasileiro, o ilustríssimo Paulo Freire, na mesa de cuja família tive o prazer de jantar, após a entrega do prêmio, no Palácio das Princesas, onde o governador Eduardo Campos recebeu, junto com a ministra Ana de Hollanda, os 300 convidados. Não fossem a viúva de Freire, Ana Maria Araujo Freire, acompanhada de seu filho, Ricardo, e de seus irmãos, Cristina e Lula, e eu não saberia que foi Maurício de Nassau quem fez construir o prédio do palácio tal e qual sua residência na Holanda, bem como e todo aquele entorno - o jardim com árvores frondosas, o rio cortando o terreno, a ponte, um paraíso cercado de prédios históricos e belos. Não saberia, também, que o palácio se chama Das Princesas porque era lá, naquele jardim tão belo, que Dom Pedro II gostava de levar suas filhas princesinhas para brincarem. Muito menos aprenderia que se chamam heliconias as flores que "gradeavam" a passarela que levava às mesas, onde o jantar foi servido ao ar livre. Uma revelação do Lula, cuja mulher adora botânica...

Antes de me despedir de vocês, um breve comentário sobre Ana de Hollanda, absolutamente plena, feliz e descontraída no exercício de seu ministério. No palco, ao lado da apresentadora-atriz Denise Fraga, Ana estava completamente à vontade, como que em seu habitat natural. Sem afetações. Vibrava tanto quanto a plateia ou cada um dos homenageados. Sem afetações nem falsas posturas/composturas de ocasião. Não estava ali uma burocrata. Estava Ana, Ana íntegra, Ana artista...

Sergio Mamberti, Bayard Tonelli, Graça Lago, Claudio Tovar e o governador Eduardo Campos, na área externa do Teatro Santa Isabel, antes do início da premiação

Hector Babenco, premiado com a Ordem do Mérito Cultural 2011, e o presidente da Funarte, Antonio Grassi

As "senhoras" dos premiados 2011: Barbara Paz, do Babenco, e Sylvia Buarque, do Chico Diaz

Antonio Pitanga, decididamente: o premiado mais elegante da noite, com seu terno branco, jaquetão, de risca de giz


O filho de Nelson Cavaquinho

Ricardo Araujo e Lula Araujo, enteado e cunhado do maior educador do Brasil Paulo Freire

Denise Fraga, o governador Eduardo Campos e a ministra Ana de Hollanda, que recebeu, também ela, a importante comenda da Ordem do Mérito Cultural 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um mergulho no universo mágico do Velho Chico


“Uma vez que se bebe a água do Velho Chico, ele não sai mais de você”

A crença popular, acima, bastante dita pelos ribeirinhos do Rio São Francisco, pegou em cheio o estilista Ronaldo Fraga. Quando criança, seu pai costumava pescar no rio e, na volta, além de trazer deliciosos surubins, trazia com si histórias e lendas que povoam o imaginário ribeirinho. Para o menino Ronaldo, era como mergulhar em um universo mágico, repleto de fantasias e seres míticos...

Mais tarde, em 2008, já como estilista consagrado, Ronaldo apresentou uma coleção em homenagem ao Velho Chico. Para desenvolvê-la, foram necessários três meses de pesquisa, viajando pelo rio a bordo do histórico vapor Benjamim Guimarães, conhecendo e fotografando a cultura local. O resultado final: uma coleção extremamente bela, sensível e delicada, como tudo o que Ronaldo faz. Cores barranqueiras, pontos e bordados característicos da região, estampas das sacas de café e das madeiras dos barcos, peixinhos, texturas de garrafinhas de areia colorida...Uma beleza!...

Acima, algumas das criações de Ronaldo Fraga, verão 2009, em homenagem ao Rio São Francisco - Fotos: Agência Fotosite, via FFW

A moda foi apenas o ponta pé inicial para que um novo mundo de possibilidades se abrisse. Afinal, o Rio São Francisco é tão rico, que suas histórias não poderiam se restringir apenas ao campo fashion. Com isso, Ronaldo idealizou Rio São Francisco, um rio brasileiro, exposição que dialoga entre seu trabalho como estilista e a cultura do rio, passando pelas artes visuais, música, cinema e literatura. São 13 ambientes, com belíssimas cenografias e riqueza de detalhes. Cada um contando um pedaço das inúmeras histórias do Velho Chico. Um verdadeiro espetáculo de sentidos e emoções...

Em especial, destaca-se a participação da cantora Maria Bethânia, que declama o poema de Águas e Mágoas do rio São Francisco, de Carlos Drummond de Andrade. A voz de Bethânia ecoa de 16 vestidos de Ronaldo Fraga. São vestidos musicais nos quais o público pode encostar e ouvir. Outra participação bastante simbólica na exposição é a do ator Wagner Moura. Foi ele quem produziu o documentário apresentado no ambiente Cidades Submersas. Wagner cresceu na pequena cidade de Rodelas (Bahia), que foi inundada para a construção de uma hidrelétrica...

Ronaldo Fraga, idealizador e curador da exposição Rio São Francisco, um rio brasileiro - Foto: Victor Schwaner e Nélio Rodrigues

E sabe o que é melhor? Depois das bem sucedidas temporadas em Belo Horizonte e São Paulo, onde atingiu públicos recorde, a expo, finalmente, chega ao Rio de Janeiro! A festa de inauguração será hoje, dia 10, apenas para convidados. Mas os cariocas ainda terão muito tempo para conferir tudo de pertinho. Rio São Francisco, um rio brasileiro ficará exposta no Palácio da Cultura Gustavo Capanema, de 11 de novembro a 10 de fevereiro do ano que vem. A entrada é gratuita!...

Um dos ambientes da expo se chama Cotidiano. Ele representa a vida ribeirinha. Sua principal instalação é uma escultura de malas que revelam imagens da vida às margens do rio nas décadas de 40 e 50 - Foto: Victor Schwaner e Nélio Rodrigues


Religiosidade. O ambiente faz referência aos ex-votos, expressão máxima de fé de romeiros e peregrinos que visitam, desde a descoberta do ouro nas Minas Gerais, o santuário de Bom Jesus da Lapa - Foto: Victor Schwaner e Nélio Rodrigues

Cidades Submersas. A instalação remete às cidades alagadas para dar lugar às usinas hidrelétricas. A essência dessa sala é o filme produzido pelo ator Wagner Moura - Foto: Victor Schwaner e Nélio Rodrigues

Acima, Fernanda Takai, fotografada no dia da inauguração da expo em Belo Horizonte. O ambiente é Lendas e Contos do Rio. Nesta parte da exposição, os vestidos musicais ecoam a voz de Maria Bethânia declamando o poema Águas e Mágoas do Rio São Francisco da obra Discurso de Primavera e Algumas Sombras, de Carlos Drummond de Andrade - Foto: Victor Schwaner e Nélio Rodrigues

E aí, prontos para mergulharem com Ronaldo no universo do Velho Chico?...


Então anotem:

Rio São Francisco, um rio brasileiro
Palácio da Cultura Gustavo Capanema. Rua da Imprensa 16, Centro, Rio de Janeiro. Tel: 21 2279 8089. De 11/11 a 10/02. 2ª a sab., das 9h às 18h. Grátis

Tchibummmmm...