Teve início na noite de segunda-feira, no Copacabana Praia Hotel, o curso A linguagem dos figurinos no cinema italiano, ministrado pela super Emilia Duncan! O diretor Luchino Visconti e os figurinos de Piero Tosi foram os temas da aula inaugural. Acompanhem o depoimento de uma aluna presente:
“Amei o primeiro dia do curso! Emília nos contou a história de Luchino Visconti e todo seu background para que pudéssemos entender o que o levou a construir seu estilo cinematográfico. O diretor nasceu em uma família da aristocracia italiana. Seu pai era patrono do teatro Scala di Milano. Logo, desde cedo, Luchino pôde admirar grandes e luxuosas óperas, o que explica seu futuro gosto por filmes de época orquestrados e impecáveis do ponto de vista estético, como O Leopardo. Interessante observar que sua fixação pela estética também era bastante evidente mesmo nos filmes de sua fase neorrealista. Embora os personagens fossem pessoas da vida real, Luchino tinha uma grande preocupação com cada detalhe: o cenário, as roupas, a fotografia, tudo devia ser absolutamente impecável para dar o tom de veracidade. Piero Tosi, figurinista que acompanhou Visconti em boa parte de seus filmes, fez escola com o próprio diretor em termos estéticos. Tosi era muito determinado e mesmo nos filmes mais neorrealistas, cujos figurinos ficavam em segundo plano, Tosi realizava um trabalho incrível que só o olhar mais minucioso poderia notar: as roupas surradas e rasgadas, usadas por aqueles que interpretavam trabalhadores e pessoas do povo, eram realmente parte do cotidiano destas pessoas! Caminhando pelas ruas, Tosi abordava cidadãos comuns e dizia: “Quer trocar sua roupa por uma roupa da Anna Magnani?” Quem hesitaria em dizer não? Afinal, Anna era uma das maiores estrelas do cinema italiano. No figurino de O Leopardo, Claudia Cardinale chegou a se acidentar na cintura, de tão apertado que era seu espartilho. Tosi e Visconti não poupavam esforços para que seus atores incorporassem realmente a postura e a silhueta da época retratada. Não vejo a hora de assistir a segunda aula, cujo tema será: A mentira e a verdade nos figurinos dos filmes de Pier Paolo Pasolini e Federico Fellini. As criações de Danilo Donati e Piero Tosi.”
Anna Magnani em Belissima (1951), de Visconti. Trabalho de figurino minucioso e impecável mesmo em filmes neorrealistas, onde a roupa ficava em segundo plano. É aí que reside o grande talento de Piero Tosi: fazer com que a roupa se incorpore à realidade social e às características físicas e morais de cada personagem. Competência que só uma pessoa de olhar extremamente sensível poderia ter.
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