O acervo museológico do Instituto Zuzu Angel de Moda recebeu esta semana algumas doações importantes, que contribuem com nosso projeto para, através da moda, contar a História da Sociedade Brasileira, e que vocês vão gostar de conhecer.
A doadora foi Isabel de Sued Perrin, filha do icônico colunista social Ibrahim Sued e de Glorinha Drumond Sued.
A peça principal do conjunto doado foi o Fraque Curto do Ibrahim. O jornalista foi o inventor do Fraque Curto. Uma simplificação da peça do vestuário formal masculino, o "terno de pinguim", como o fraque e popularmente chamado, tornando-o mais usável pelos homens brasileiros, sempre excessivamente preocupados com a impressão de ridículo que possam causar. Com esse "abrasileiramento" by Ibrahim, o fraque curto tornou-se uma peça de roupa viável e foi logo difundida, tornando-se praticamente obrigatória nos casamentos, usada pelo noivo, os pais e os padrinhos.
O mais importante fraque curto da vida de seu criador, Ibrahim Sued, não foi o de seu próprio casamento, pois, quando se casou com Glorinha, ainda não havia inventado o fraque curto, vestiu o longo.
O mais importante foi o fraque curto que usou no casamento de sua filha única Isabel, a Bebel. Ele foi esta semana doado completinho ao acervo do Instituto Zuzu Angel, para compor a Coleção Ibrahim Sued: com a calça, o colete branca, a camisa e os suspensórios! Vejam abaixo...
Outra roupa emblemática da nossa Coleção Ibrahim Sued: seu famoso jaquetão com botões dourados, peça de que ele gostava muito e tinha várias no estilo. E, presa à lapela, está a barreta da Légion D'Honneur, a condecoração de que mais Ibrahim se orgulhava, conferida pelo Governo Francês.
Aqui eu recebo, da prima de Isabel, Isa Chloris Alvarenga (sobrinha de Glorinha), as peças doadas por ela. Este vestido de Guilherme Guimarães, de shantung de algodão azul turquesa, tomara que caia, bordado com prata, ouro e turquesas, acompanhado de bolero, debruado em toda a sua volta por um babado enviesado, foi usado por Glorinha Sued em 1979, no casamento de Bebel, na Candelária, com Cesar Ramos Filho, seguido de uma recepção retumbante no Copacabana Palace .
Vestido que pertenceu a Isabel de Sued, década de 1980, Alta Costura de Lucília Lopes, bem representativo da fase da estilista, quando tinha seu atelier na Fonte da Saudade e ganhou fama com seus modelos de tafetá e corpo de veludo, muitos fru-frus, modelagem sempre impecável, ajustando-se ao corpo.
A alta sociedade brasileira, como digo, aquela das grandes crônicas sociais, virou História, objeto de pesquisa, memória de nossos costumes, conteúdo de museu. É através do acervo que há 20 anos o Instituto Zuzu Angel vem constituindo, com a moda vestida pelos nomes referenciais de nosso país, que pretendemos perpetuar a memória da moda e dos costumes do século 20.
Hildegard Angel Bogossian - Presidente do Instituto Zuzu Angel - Curadora da Coleção Zuzu Angel de Moda
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