terça-feira, 23 de abril de 2013

A grande dama dos museus, Katia Johansen, não contraiu dengue, mas contagiou a todos com sua paixão pela Moda!


Num jantar para 40 convidados, o índice de recusas de última hora foi baixíssimo: apenas dois casais. E nos dois casos pelo mesmo motivo: um dos membros do casal foi nocauteado pela dengue. A Mary Marinho, do Haroldo Costa. O Ricardo Straus, da deputada Cidinha Campos. Se o percentual é pequeno para as abstenções, é altíssimo em seu tratando da causa: a picada do mesmo mosquito.
É fato: a epidemia bateu à nossa porta. Há dias escrevi sobre isso., como vocês podem ler aqui: Tragam-me o balde eu quero vomitar. E, pelo andar da coisa, não estranharei se, com o aprofundamento desse problema sanitário, cheguemos a extremos como o cancelamento de alguns grandes eventos que se aproximam. Como a Jornada Mundial da Juventude ou o Encontro Anual do ICOM – International Council of Museums, reunião importantíssima no universo cultural, que agrega os maiores museus do mundo, em órgão vinculado à Unesco.
Se a dengue permitir, o Encontro Anual do ICOM deverá acontecer na Cidade das Artes em agosto.
E por quê me estendo sobre o assunto antes de falar do jantar? Porque a homenageada de honra, Katia Johansen, é simplesmente presidente, há mais de 20 anos, do Costume Committee do ICOM, e vem ao Rio de Janeiro para a reunião. Ela também é a curadora da Royal Danish Collection, uma das coleções mais preciosas entre as de todos os museus do mundo, e veio ao Rio trazida peloInstituto Zuzu Angel-IZA para ministrar o workshop Museologia da Moda, sob os auspícios do IZA e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, com vistas ao próximo Museu da Moda.
Katia Johansen é tipo La Grande Dame da Conservação e da Restauração de Têxteis (indumentária/moda). E isso ficou patente pela frequência do curso que atraiu diretores de museus, museólogos, especialistas de todo o país, professores fazendo seus mestrados e doutorados. De Santa Catarina, de São Paulo (do Museu Clodovil Hernandez, em formatação), do Paraná, da Paraíba, de Minas Gerais. Do Rio de Janeiro, de volta aos bancos escolares, anotando, lápis, tesoura e fita métrica em punho, o diretor do Museu Carmen MirandaCesar Balbi, a museóloga Márcia Bibiani, ex-Diretora de Museus do Estado, a museóloga Vera Lima, conservadora que montou a coleção têxtil do Museu Histórico Nacional, a figurinista Emília Duncan, as professoras do IZA, Celina de Farias, Lucia Accar, Lucia Abdenur, a diretora do Museu da Moda, Luiza Marcier, e eu, Hildegard Angel, presidente doInstituto Zuzu Angel. Todos nós aprendendo, aprendendo…
Aprendendo a fazer moldes, a manipular roupas históricas do século 16, a vesti-las em manequins do modo adequado, a embalá-las, a quando usar e não usar luvas na manipulação das roupas, aprendendo até a dar nós e fazer origamis.
Pois uma das regras primordiais, segundo Katia, é saber usar as mãos. Saber o básico. Saber tudo. Costurar, bordar, tricotar etc. O oposto de antigamente, quando se dizia que um criador de moda não precisava costurar. Segundo Katia, precisa sim. Precisa saber, para fazer direito…
Foram quatro dias intensos e deliciosos. Dias de trabalho full time. Com o anúncio de Katia, no encerramento do curso, de vir dar outro curso, no final de agosto, pela mesma parceria Instituto Zuzu Angel/Secretaria de Cultura, em que ensinará todas as técnicas de uma Exposição de Moda
Assim, depois dessa maratona de ensinamentos, eu a recebi, não mais como aluna, mas como amigas que nos tornamos e como presidente do Instituto Zuzu Angel, que sou, ao lado de meu marido, Francis Bogossian, para um jantar entre outros amigos, preparado pelo impecável chef Demar.
Gente da cultura, como Heloisa Aleixo Lustosa, presidente da Academia Brasileira de Artes, que Katia tanto queria conhecer. Ou La Grande Dame do balé,Dalal Achcar. Das ciências; o mestre Pitanguy, que falou sobre suas visitas ao Royal Danish Museum, e Paulo Niemeyer. A colecionadora de esmeraldas,Angélique Chartouny, e o colecionador de Brasil ImpérioPaulo Barragat. A mais premiada das carnavalescas, Rosa Magalhães. A colecionadora de elegâncias,Lourdes Catão; de amigos, Regina Rique; a ambientalista deputada Aspásia Camargo…. enfim, aí estão eles, nossos queridíssimos convidados, em torno deKatia Johansen, que já embarcou de volta à Dinamarca e, graças a Deus, não contraiu a dengue!
Mas é certo que Katia nos contagiou a todos com sua paixão pela conservação da memória e da História através dos têxteis. Uma semente plantada neste I Curso de Museologia da Moda, acontecido no charmoso Copacabana Praia Hotel, e que há de frutificar para sempre neste país.
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Fotos de Marcelo Borgongino

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