quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quando Kenzo encontra as Artes Plásticas...

Recentemente, a blogueira sul-africana Miss Moss selecionou seus looks preferidos da coleção Verão 2012 da Kenzo e os inseriu em lindas pinturas. A sacada é muito legal! As cores se complementam. Roupas e pinceladas de tinta em perfeita harmonia. O casamento deu tão certo que a ideia poderia ser utilizada no catálogo ou lookbook da marca, não é mesmo? Adoramos!...






Pinturas mostradas a partir do topo: Isaac Grünewald – The Garden Path; Axel Kargel – The Road; Sven Westman – Scenery In The South of France; Hilding Linnqvist – The Terrace; Torsten Jovinge – The Monastery Menton; Waldemar Lorentzon – Boats

Pra alegrar o nosso dia!

Essa música da Tiê é uma lindeza. Faz lembrar a beleza de pequenas coisas e ações do cotidiano. Para aproveitar esse solzinho delícia que começa a aparecer, tímido, no Rio de Janeiro, depois de alguns dias chuvosos e nublados, que tal tomarmos um sorvete com Tiê? :)

Obs: Esse clipe ficou uma graça!

D V – Diana Vreeland ou simplesmente d.i.v.i.n.a!

Via Blog da Hilde

Nunca houve editora de moda com seu poder, seu chic, sua originalidade e seu carisma. Não houve nem haverá. Não houve porque ela foi única. Ela não buscou referências. Ela foi A referência. Ela não copiou exemplos. Ela é O exemplo. Ela não seguiu caminhos. Ela ABRIU o caminho. E isto numa época em que não havia essa fosforescência tôla de agora, esse arremedo de elegância, essas caras e bocas caricatas, fingindo uma sofisticação inexistente. Pedigrees inventados, currículos de ficção, todos pretendendo ser o que de fato não são. O que diferencia Diana Vreeland de tantas e tantos que vieram depois é que ela foi de verdade. Ela viveu o seu papel de editora de moda, a primeira delas, com a mesma garra, o mesmo talento e a mesma criatividade de um artista da moda. A mesma paixão. Claro, havia a frivolidade. Porque pode-se respirar no universo fashion sem um pitada dela? Claro que não! Mas Vreeland não era essas bobagens que vemos por aí, esses estereótipos que hoje encontramos, nos blá-blá-blás dos comentários de moda nas revistas e nas TVs - com raríssimas exceções, pois estas existem, ainda bem...

Invejadas, temidas e admiradas, as editoras de moda, hoje, são verdadeiros fenômenos. Formadoras de opinião no mundo da moda, elas deixaram de apenas lançar tendências em páginas de revistas, para se transformarem também em celebrities, ícones...

Anna Wintour, Anna Dello Russo, Emmanuelle Alt, Giovanna Battaglia, Franca Sozzani, seja qual for a sua preferida, senhoras e senhores, saibam que antes de todas, existiu a poderosíssima Diana Vreeland (1906 – 1989)!...

Na foto, uma jovem e elegante Diana em seu apartamento em Park Avenue, NY

Recém exibido no Festival do Rio, o documentário Diana Vreeland: o olhar tem que viajar conta de maneira leve e divertida, como esta mulher, que não nasceu bela, mas possuía um enorme senso de estilo e elegância, sacudiu o mundo fashion com sua mente ousada e seu faro apurado...

Diana, a primeira editora de moda da história, foi a grande responsável por lançar o conceito desse tipo de ofício. Antes dela, as revistas de moda se limitavam a receitas de bolo e dicas sobre casamentos. Com Diana, um novo mundo de possibilidades se abriu. Atrizes, modelos, arte, música e editoriais de moda magníficos, surpreendentes...

Diana não era bonita, sabia disso e tirava partido. Tinha estilo de sobra! Elegante e ousada, usou isso a seu favor. Foi justamente sua maneira de se vestir e sua forma de se portar que chamaram a atenção de Carmel Snow, da revista Harper's Bazaar, onde conseguiu seu primeiro e bem sucedido emprego no mundo da moda

Durante os anos na Harper's Bazaar, 1937-1962, Diana editou a coluna Why don’t you, que dava sugestões bem-humoradas e absurdas às leitoras em tempos de guerra. Como, por exemplo: Why don’t you paint a map of the world on all four walls of your boys’ rooms, so they don’t grow up with a provincial point of view? – Por que você não pinta um mapa-mundi nas quatro paredes do quarto de seus filhos, para que eles não cresçam com um ponto de vista provinciano?

Na Harper's Bazaar e, mais tarde, na Vogue, Diana descobriu e lançou inúmeros talentos, entre eles, a atriz Lauren Bacall, que começou como modelo, mas logo seria chamada por Hollywood. Era impressionante como tudo o que Vreeland tocava, virava ouro. Ela tinha um faro apurado para o que era novo e o que estava prestes a estourar. Tinha paixão por belezas exóticas, gostava de trabalhar com modelos não convencionais. O que poderia ser considerado um ponto fraco na aparência de uma modelo, ela valorizava, transformando em ponto mais forte de sua beleza. Como quando decidiu fotografar de perfil Barbra Streisand , cujo nariz era considerado horrendo . Diana queria transformá-la em um Nefertiti. A sessão de fotos foi um verdadeiro sucesso! E como eu me lembro dessas fotos...

Durante a Segunda Guerra Mundial, a jovem Lauren Bacall deu o ar de sua graça na Harper's Bazaar. A capa, acima, chamou a atenção de Hollywood, que pouco tempo depois a convidou para trabalhar...


Modelos de pescoço longo, altas demais, gap teeth (dentinhos separados), sardas? Perfeito! Por que não exaltar ainda mais estas características? Veruschka que o diga! Ela, certamente, foi uma das manequins mais requisitadas por Diana, assim como Penelope Tree e Cher, tipos fora do "padrão"...

Veruschka, by Franco Rubartelli – Vogue US 1968

Cher - Vogue US 1966

Ousadia? É o que podemos chamar quando Diana publicou, pela primeira vez, no final da década de 40, uma modelo vestindo biquíni em uma revista! Foi um verdadeiro escândalo! Uma bomba atômica! Buuuum!...

A foto da modelo usando biquíni causou verdadeiro frisson no final dos anos 40...

Mais algumas capas bacanas publicadas no período em que Diana foi editora da Harper's Bazaar. Algumas delas em parceria com o designer gráfico Alexey Brodovitch e o fotógrafo de moda Richard Avedon...

Bom gosto, criatividade e ousadia, marcas de Diana Vreeland


Nos anos de Vogue, 1963 – 1971, a editora viveu a grande explosão do comportamento juvenil. Beatles, Stones, Twiggy, liberdade sexual, igualdade de direitos, tudo, absolutamente tu-do interessava à Diana, sempre com suas anteninhas bem ligadas. Inclusive, ela foi a primeira a publicar uma foto do jovem Mick Jagger em uma revista americana, simplesmente pelo fato de achá-lo bonito e fotogênico, quando ninguém ainda dava nada por ele...

Ninguém dava nada por Mick Jagger na América. Mas as anteninhas de Diana captaram algo de interessante no jovem rapaz... E ela foi a primeira a publicar uma foto dele em uma revista norte-americana, a Vogue US. O clique acima é do grande David Bailey, que trabalhou por muito tempo ao lado de Vreeland

Não é pretensão dizer que Diana ditou a moda durante o período em que esteve na ativa. E pode-se dizer também que se a Vogue América alcançou o prestígio que tem hoje certamente foi por causa de Vreeland. Nos anos em que comandou a revista, o sucesso, a ousadia e a beleza das publicações sob o seu comando foram indiscutíveis. Se fosse preciso, ela iria até ao Japão fotografar Veruschka na neve, ao lado de um lutador de sumô. E, sim, ela o fez! Diana queria dar às suas leitoras o que elas jamais poderiam ter. Queria que sonhassem. Queria transportá-las a um novo universo, cheio de fantasias, totalmente belo e desconhecido. Esta é a grande graça da moda, não é mesmo?! “Monotonia”, uma palavra desconhecida no dicionário Vreeland...

Se fosse preciso ir até ao Japão para fotografar Veruschka na neve, ao lado de um lutador de sumô, pode ter certeza, Diana iria. E ela foi! As fotos, acima, são cliques de Richard Avedon e pertencem a um editorial publicado na Vogue US, ano 1966

No entanto, em 1971, a revista resolveu cortar as asinhas de Vreeland. Ela foi uma das editoras que custou mais caro à Vogue. Mas alguém com o currículo desta senhora não ficaria por muito tempo desempregada. Logo, ela receberia o convite para prestar consultoria ao Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, de NY. Sob o seu olhar atento, foram montadas belas e audaciosas exposições de Moda, como a que trouxe figurinos da corte francesa do séc. XVIII e a de figurinos de grandes produções hollywoodianas. Uma verdadeira revista em 3D! A expo ma-ra-vi-lho-sa da retrospectiva da carreira de Yves Saint-Laurent, que visitei duas vezes, provocou polêmica junto à cúpula do museu e aos puristas em geral, que não admitiam que um estilista vivo, com uma loja a poucas quadras do Met, fosse homenageado. Para eles, tratava-se de publicidade, mas, para Diana Vreeland, as roupas de Saint-Laurent eram obras de arte. A História provou que ela estava certa...

Diana fazendo pose com seus manequins do Metropolitan Museum of Art


Certa vez, um dos diretores do museu perguntou a ela, em tom provocativo, qual era sua formação. Diana respondeu que pouco importava, pois graças a ela o museu estava repleto de pessoas, coisa que não acontecia há tempos. Além de tudo, era atrevida. Bem o meu tipo!...

Fotos: reprodução

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Zuzu Angel na Vai-Vai!

Lembram quando falamos por aqui sobre o enredo da Vai-Vai para o Carnaval 2012? O tema será "Mulheres que Brilham - A força feminina no progresso social e cultural do país". A escola irá homenagear um série de mulheres que marcaram época, contribuindo para a história brasileira, entre elas, Índia Paraguaçu, Leila Diniz, Elis Regina, Dalva de Oliveira e...Zuzu Angel!

Recentemente, recebemos de um dos representantes da escola, o croqui da ala em homenagem a Zuzu. Vejam...


Acompanhem com a gente o samba da Vai-Vai, composição de Zeca do Cavaco, Ronaldinho FDQ, Afonsinho BV, Valter Camargo e Evaldo "Sean"...




BIXIGA É ALEGRIA, É “BOM BRILHAR”
GIRA A PORTA BANDEIRA
RODAM MINHAS BAIANAS
VÊM QUE O SHOW VAI COMEÇAR


A MÃO DE DEUS ABENÇOOU O MEU CANTAR
FONTE DE INSPIRAÇÃO
A ESSÊNCIA DE ADÃO
LUZ PARA O MEU CAMINHAR
A DURAS PENAS PROSSEGUIU A LUTAR
NA GRAÇA DA INDIA FACEIRA
COM A FORÇA DA NEGRA GUERREIRA
A REALEZA DE GRANDE BRIO
AOS OLHOS DO REGENTE DO BRASIL

ORA IE IEO MAMÃE OXUM
LIBERDADE!!!
SOAM OS TAMBORES QUILOMBOLAS
UM SONHO QUE VIROU REALIDADE (ORA IE IEO)

E HOJE, TÃO LINDA E TÃO BELA
TODA PASSARELA A TE EXALTAR
ÉS MÚSICA, POEMA
ARTE A ME FASCINAR
TE VEJO NAS RUAS
NOS BARES, ESQUINAS
ÉS COMO AS ESTRELAS BORDANDO O LUAR
1001 FACES NO MUNDO A BRILHAR

SENHORA DA VIDA
GUERREIRAS NA LIDA
HOJE ÉS PRESIDENTE E ME RENDO A TEUS PÉS
PRÁ SEMPRE TE AMAREI “MULHER”

Ao mestre com carinho…


Fashionistas cariocas lotaram o Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, em plena tarde de segunda-feira, para receber monsieur Gaultier. Os olhinhos da plateia brilhaaaavam, ouvindo tudo o que tinha a dizer um dos maiores nomes da moda de nosso tempo...

A plateia que lotou o Espaço Tom Jobim estava repleta de gente da moda

Como eu já comentei aqui, Jean-Paul veio à Cidade Maravilhosa para divulgar o filme Jean-Paul Gaultier, Quebrando regras, documentário que conta sua trajetória de vida e carreira, exibido no Festival do Rio...

Betty Lagardère foi de listras para homenagear o estilista, conhecido por seus looks de marinheiro

Paulo Borges, que ajudou a promover a palestra com seu portal FFW, também foi prestigiar Jean-Paul com as clássicas listras

Acompanhado de Farida Khelfa, diretora do filme, musa do estilista e uma das primeiras mulheres árabes a enfrentar as passarelas do mundo fashion, Gaultier contou que, por não ter estudado moda, sua grande escola de vida foi o trabalho. Quando jovem, tornou-se assistente de Cardin, a quem respeita e deve boa parte de seu aprendizado. O interesse pela moda, ele herdou, ainda criança, de sua avó. Gostava de brincar de bonecas e travestia seus ursinhos de pelúcia com seios de papel, já revelando aí um lado transgressor... Risos...

Não à toa, até hoje Gaultier carrega o apelido de L'enfant terrible de la mode (a criança terrível da moda), justamente por quebrar paradigmas, questionando o que é e o que não é belo, desconstruindo a figura do homem e da mulher bem como colocando gordinhas para desfilar na passarela: “Sempre fui atraído pelas minorias”...

Jean-Paul, Farida e Betty, pouco antes de a palestra começar

Farida e o grande amigo Jean-Paul na passarela da Paris Fashion Week, temporada Spring 2011 Couture

Colocar na passarela o modelo andrógino Andrej Pejic vestido de noiva, a cantora gordinha Beth Ditto e homens de saia são algumas das muitas ousadias de monsieur Gaultier

Com vinte e poucos anos, encontrou aquele que viria a ser seu grande companheiro de vida e de trabalho, Francis Menuge. Na época, Gaultier não tinha dinheiro, mas uma vontade terrível de criar moda. Por essas e outras, para se destacar, precisou ressaltar ainda mais o seu lado criativo. Mas foi graças ao impulso de seu parceiro, sempre ao lado, lhe dando força, que Gaultier tomou coragem e lançou sua primeira coleção, aos 24 anos. Daí em diante uma longa trajetória seria percorrida...

Com o companheiro, Francis Menuge, falecido na década 90, em decorrência do vírus da AIDS

O estilista lamentou nunca ter tido um lado empreendedor para conduzir os negócios. Mais tarde, quando já havia alcançado o sucesso, teve que procurar alguém que pudesse assumir o lado financeiro da empresa para que ele pudesse exercer seu lado de criador. “Eu nunca pensei em vender, eu sempre pensei em vestir pessoas”.

É claro que Jean-Paul não poderia deixar de elogiar Farida Khelfa, aquela que foi sua grande musa nas passarelas. Ele contou que quando a conheceu ficou fascinado com sua beleza exótica e ainda revelou que o estilo da modelo, sempre elegante e impecável, fez com que criasse uma coleção inteirinha inspirada nela, provando que as top models não devem ser vistas apenas como meros cabides. Para Jean, ninguém melhor que Farida para rodar um documentário sobre ele, pois a musa conviveu muito tempo ao seu lado, na vida, nos backstages e nas passarelas...

Gaultier encantou a plateia com sua simpatia e simplicidade

A ex-modelo musa de Jean-Paul e diretora do documentário, Farida Khelfa. Ninguém melhor que ela para rodar um filme sobre a trajetória do estilista

Gaultier comentou que sua adoração pelas listras breton (uma de suas grandes marcas) vem da infância, quando vestia roupinhas de marinheiro...

Gaultier imerso no universo de suas listras breton, também conhecidas como listras de marinheiro

O estilista costuma trabalhar as listras das mais diversas formas em suas coleções

Outra marca de seu estilo são os frascos de perfume em formato de corset ou busto. Jean contou que quando criança descobriu um espartilho no armário de sua avó e ficou encantado com a estrutura, a forma, os tecidos e materiais que compunham a peça. Curioso, perguntou à avó para que servia. Ela lhe disse: “Para corrigir a silhueta”. Mais tarde, já trabalhando como estilista, fez um espartilho surrealista, prolongado até o pé, de maneira a fazer com que a mulher que o usasse não conseguisse andar. Crítica, provocação, ironia, coisas de Gaultier...

Os famosos perfumes Gaultier em formato de corset ou busto

Impossível falar de Gaultier sem associá-lo a Madonna! Amigo íntimo da cantora, ele desenvolveu inúmeros figurinos para turnês e videoclipes. O mais famoso, certamente, é o da turnê Blonde Ambition, em que Madonna usa o icônico corset de bico em formato de cone...

Madonna, na turnê Blonde Ambition, com seu famoso corset by Gaultier

Além da moda e de Madonna, o designer também se arriscou no cinema, desenvolvendo figurinos para grandes filmes. Em especial, destaca-se a parceria com o diretor espanhol Almodóvar, para quem criou os figurinos de Kika (1993), Má Educação (2004) e, mais recentemente, A Pele que Habito, longa que abriu o Festival do Rio. Outros filmes memoráveis: O Quinto Elemento (1997), de Luc Besson e O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante (1989), de Peter Greenaway. Gaultier disse ser sempre um desafio adaptar seu estilo a uma determinada trama ou personagem...

Figurinos by Jean-Paul Gaultier

Empolgado com o Brasil, aceitou o convite de Paulo Borges para vir ao Fashion Rio e à São Paulo Fashion Week na próxima temporada. Aguardamos ansiosamente!...


E aí vão mais algumas frases bacanas ditas pelo mestre para os futuros fashion designers:

“Eu enxergo como uma mosca, quase que em 360 graus”.

“Aos estilistas que desejam apenar ser celebres, não façam esse trabalho. Pois temos que nos sacrificar, isso é quase uma religião”.

“Temos que procurar manter nossa alma de infância, não ser blasé”.

“Se nos sentimos diferentes, não vamos mascarar essa diferença”.

Então é isso queridos! Au revoir!...



Fotos: Sebastião Marinho, Style.com, Julien Hekimian/Getty Images e reprodução

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Zuzu Angel como ninguém contou antes...


Histórias de uma certa Dinéia é o nome do primeiro livro de Edméia Machado, lançado por ela para um grupo de amigas, durante almoço na Argumento do Leblon. Histórias de gente que conhecemos contadas por uma até agora desconhecida. Entre as pessoas citadas está Zuzu Angel, com quem Edméia trabalhou oito anos e de quem foi amiga até a morte da estilista. Histórias jamais contadas...

Dinéia, como era chamada Edméia quando criança, reúne suas lembranças de vida em pequenos capítulos. Um deles é dedicado exclusivamente a Zuzu, a quem Edméia chegou através de um anúncio publicado no jornal pela costureira, à procura de uma pessoa para chulear as roupas em seu atelier. E quem recebeu Dinéia, no portão da casa da Rua Nascimento Silva, foi Stuart Angel, o filho de Zuzu, naquele tempo longínquo em que os estilistas atendiam (e produziam) em suas próprias casas...

Para ela, Zuzu era dona Zuleika. Para depois se tornar simplesmente Zuleika, pois esta jamais mantinha distância de seus funcionários. Pelo contrário, diz Dinéia: “Conto no livro passagens difíceis da minha vida em que Zuzu me ajudou muito. Ela era uma grande pessoa humana, de bondade extrema”...

Dois desses momentos, ela conta aqui. Certa vez, grávida, Dinéia, seguia no fusca com Zuzu Angel, para fazer uma entrega de roupa, quando passaram em frente a uma padaria e Dinéia lançou um olhar comprido para os frangos que giravam na assadeira. Foi o bastante. Mais tarde, já em casa, Dinéia recebeu a visita de Zuleika, levando para ela um frango assado, embrulhado em papel pardo, pois afinal de contas "mulher grávida não pode ter desejo contrariado"...

Era o ano de 66 e uma grande enchente tomava conta do Rio de Janeiro. Edméia e a família, que moravam no Parque Proletário (onde hoje há a Selva de Pedra), tiveram que sair de casa para se abrigar na casa de parentes. Ela avisou à patroa que não poderia ir ao trabalho. Momentos depois, chegava Zuzu, a bordo de seu fusca, levando panelas cheias de alimentos já preparados e quentinhos, feijão, de arroz, água. E ainda teve mais: um bebê, sobrinho de Dinéia, passava mal naquele exato momento. Diante do desespero da família, Zuzu, mesmo cheia de compromissos, não pensou duas vezes: colocou a criança e os pais dentro do carro e saiu em busca de um hospital...

“Ela só voltou quando, muito tempo depois, conseguiu internação para o meu sobrinho. Infelizmente, era grave e ele não sobreviveu, mas ninguém jamais esqueceu aquele gesto solidário daquela mulher”....

São muitas histórias, muitas lembranças. Algumas nem estão no livro, mas Edméia se recorda. Como, quando Zuzu pedia para ela procurar sua filha caçula, que havia saído sem dizer pra onde. Essa filha "fujona" era essa jornalista que vos fala...

A última vez em que se viram foi 15 dias antes da morte de Zuzu, com quem Edméia não trabalhava mais, porém continuavam amigas. Dinéia passava com o marido de carro e, ao avistar Zuzu no carro dela, acenou. Percebeu, então que Zuzu botou o pé no acelerador e sumiu. O que não era de seu estilo, pois sempre conduzia muito cuidadosamente...

Estranhando, Edméia e o marido a seguiram até em casa. Só ao identificá-los, Zuzu contou que vinha sendo seguida por conta de sua denúncia do desaparecimento de seu filho, Stuart. “Ela me entregou uma foto dele, fez uma dedicatória e me disse que um dia alguém teria que dar conta do corpo do Tuti. Quinze dias depois, ela morreu”, lembra emocionada...

Essas e muitas outras histórias estão reunidas no livro. Saiba um pouco mais de histórias reais, contadas por Edméia, que sábado completou 73 anos. Uma pessoa simples e anônima que também faz parte da História...

Maria da Gloria Muller e Edméia Machado

Rosane Lamah, Maria de Lourdes Leta, Marilda Martins de Mello, Maria Inês Marinho. Atrás, Maria da Gloria Muller e Edméia Machado

Sandra Pinheiro

Fotos de Sebastião Marinho

O parque de diversões da Louis Vuitton!


Depois de um inverno fetichista, a Louis Vuitton aposta em um verão lúdico e feminino. As ladies de Marc Jacobs usam blusas de gola peter pan, jaquetinhas e casacos comportados, vestidos e saias de cintura marcada, cores suaves, leves transparências em organza, plumas e recortes vazados de flores. A mesma linha doce se repete nas bolsas, muitas delas em tons pastel. Mas há, também, espaço para uma versão que imita uma estrutura de metal. E, por falar em metal, a cor prateada enfeita detalhes nos scarpins, como tiras e biqueiras. O cenário? Um enorme carrossel branco, de onde as modelos, montadas em seus cavalos, saíam para pisar na passarela. Segundo Jacobs, o carrossel representa o Jardin des Tuileries na primavera parisiense. Très romantique! Como da última vez, o desfile foi encerrado pela bela Kate Moss, super amiga de Jacobs. Os dois eram só amores no backstage. Fofíssimos!...

Este lance de apresentar a moda em um carrossel tem tudo a ver com a Louis Vuitton, onde a cliente (ou o cliente), ao entrar em sua loja, se sente, de fato, num parque de diversões, e fica tontinha, entre uma bolsa e outra, um foulard e um sapato, uma gravata e uma agenda, e não sabe o que compra primeiro, ai, ai, ai...

E vamos agora rodopiar todos juntos no carrossel do Jacobs...

O cenário do desfile: um enorme carrossel branco! - Fotos: Patrick Kovarik/ AFP

Confiram alguns looks e acessórios selecionados por nós:

Fotos: Yannis Vlamos / GoRunway.com, via Style.com

Fotos: Pascal Le Segretain/ Getty Images

No make, o destaque ficou por conta dos olhos delineados, iluminados e com super cílios. No cabelo, coque bagunçadinho e tiaras de strass. - Fotos: Luca Cannonieri / GoRunway.com, via Style.com

A bela super-uber-top, Kate Moss, fechou o desfile com um vestidinho branco e marfim de flores vazadas e plumas. No pés, scarpins brancos. - Fotos: Eric Ryan/ Getty Images

Marc e Kate eram só amores no backstage. A top é uma das melhores amigas do estilista. - Fotos via Look.co.uk

Mais um mergulho no mar. Desta vez, com Chanel...


Além de Alexander McQueen, Chanel também foi buscar no fundo do mar inspiração para seu Verão 2012. Coincidências da moda...

O bacana é perceber que, embora tenham recorrido a um tema parecido, cada marca o desenvolveu de maneira única, com DNA e estilo próprios. Karl Lagerfeld usou e abusou das pérolas, um símbolo da marca. Elas apareceram em botões, cintos, clutches, bordadas, em roupas e até nos cabelos! E por falar em cabelos, eles aparentavam aspecto molhado, assim como alguns tecidos. Brilho, transparência e plumas deram o ar da graça. Muitas texturas e formas remetiam a corais, cavalos-marinhos, conchas e raias. Com cenário que representava o fundo do mar, as modelos desfilaram ao som da cantora Florence Welch, que, posicionada em uma concha gigante, fez lembrar a Vênus de Botticelli...

O cenário do desfile era o fundo do mar - Foto via Getty Images

Posicionada em uma concha gigante, a cantora Florence Welch lembrou a Vênus de Botticelli - Foto via Look.co.uk

Confiram nossa seleção de looks do desfile...

Fotos: Yannis Vlamos / GoRunway.com, via Style.com

Fotos: Gianni Pucci / GoRunway.com, via Style.com

Fotos: Luca Cannonieri / GoRunway.com, via Style.com

Um mergulho nas profundezas do oceano McQueen...


Se Alexander McQueen ainda estivesse entre nós, certamente estaria muito orgulhoso de sua pupila Sarah Burton. A estilista, que trabalhou por muitos anos ao seu lado, parece ter herdado do mestre muito do seu talento, mas com um charme totalmente particular e uma elegância essencialmente feminina...

A última coleção by Sarah Burton está aí para provar isso. Sarah mergulhou, literalmente, nas profundezas do oceano McQueen, onde tudo é possível, onde até mesmo Madame Grès, Gaudí e Gaia podem se encontrar. E, dessa união inusitada de inspirações, surgiu um Verão cheio de texturas, formas e cores que remetem ao fundo do mar. Assim, como McQueen, a designer trabalhou de maneira primorosa e impecável os detalhes de cada peça de roupa. É de deixar o povo da moda boquiaberto! Confiram...

Fotos: Marcus Tondo / GoRunway.com. via Style.com

Fotos: Gianni Pucci / GoRunway.com, via Style.com

Fotos: Gianni Pucci / GoRunway.com, via Style.com

Fotos: Luca Cannonieri / GoRunway.com, via Style.com